Ciclos
Encerrei as portas do tempo
Ergui muros afugentando presságios
Cerrei meus punhos pra calar meu pranto
Soltei o grito preso no peito
Extraí toda fúria, o fôlego de vida que em meu íntimo ainda existia
Lancei no mar das ilusões todas mazelas passadas, memórias mortas
que rondavam meus passos como grasnar de um pássaro agourento
que osquestrava meus antigos tormentos
Toquei pela última vez as velhas feridas
Desfiz dos trapos que meu corpo cobria
Desatei os laços, os nós dos meus sapatos...eu nunca coube em espaços apertados, não fui feita pra ser presa a coisas mortas que tornaram meu fardo pesado
De um nefasto requiem, conjurei líricos versos...sacudindo a poeira dos desafetos
Desfiz-me dos pactos firmados com velhas dores, velhas histórias
Fiz-me ponte a novos horizontes,
Considerei um novo caminho, pés firmes no chão apesar dos espinhos
Fiz-me criança que aprendeu andar em busca de um novo mundo entre os mundos...
Deixei o coração aflito em novos sonhos descansar, para adentrar em novas batalhas, aventurar-me em novos rumos, como norte antigos ensinos.
Sigo convicta embalada por esta magia, que sacode, instiga, excita!
Que é levantar todo santo dia em gratidão, renascer depois de tantas mortes, continuar depois das quedas,
ser livre pra voar, pra onde meu coração pulsar
Tenho alma astuta, que nunca foge à luta, um espírito que grita de forma bruta
que faz-se forte, muito maior que a falta de sorte, que tantas vezes chega sem avisar, pousando em minha janela com a tola idéia de minha alma atormentar.
De refém vitimada pelos desalinhos do caminho até aqui percorrido tornei-me senhora das minhas escolhas...guiada pela sabedoria dos meus instintos.
Sem correntes que firam
Sem as amarras que nos limitam.
Andreia O. Marques
Maria Mística