A solitude que fala
Esses dias voltando do trabalho, algo me chamou muito atenção, tinha um ser humano sentado na grama com os joelhos dobrados próximo ao queixo de costas para o fluxo da pista, observando uma floresta em pleno horário de pico, já estava quase escurecendo, aquela penumbra do sol se despedindo atrás das arvores.
Diminuir a velocidade só para observá-lo (a). Roupas velhas, aparentemente sujas, olhar fixo, seus braços abraçando suas próprias pernas e corpo paralisado. Apenas aquele ser humano ali, algumas pessoas que ali passavam estavam a caminhar na calçada, talvez nem o (a) notasse já que estava a algumas dezenas de metros de onde ele (a) estava. Alem da curiosidade de saber o que ele (a) estava a observar, fiquei imaginando qual mensagem aquela cena poderia me passar.
Aqueles segundos pareciam horas, horas estas que me sentir paralisado como ele (a) e ao tentar me pôr no lugar daquela criatura humana me lembrei de uma coisa quase que obvia. Precisamos desacelerar para puder vermos os detalhes e apreciá-los com mais fervor, como uma comida muito saborosa que a gente mastiga devagar e intensamente para que nenhum elemento possa passar despercebido e muitas vezes ainda fechamos os olhos como se aquele ato desse mais vida ao sabor.
Olhar a vida como se fosse um game a procura da próxima fase, muito provavelmente talvez não seja o melhor sentido, a vida tem seus altos e baixos e o tempo é inerente as nossas vontades. Que muitas vezes é simplesmente o desejo de que aquela coisa desagradável passe tão rápido que não seja notado, mas a vida adora-nos da os “olés” quando nos desatentamos para os erros e de repente olha a gente repetindo os mesmos erros novamente. E questionando Deus e o mundo como se tivesse sendo perseguido, escolhido para viver aquele loop e no final nenhum desses atores têm nada a ver com isto.
Bom, viver é isso, Sentir essas passagens aflorarem e virar passado. Um passado que nos abraça e nos deixa quentinhos só de lembrar, mas sendo sincero tem coisas que causam calafrios e traumas. E ai tem uma frase que eu gosto muito de usar nos momentos críticos do jogo de xadrez que é. O que jogar nessa posição?!