Amarcord
SEMPRE que assisto ao filme “Amarcord”, de Fellini, fico comovido e relembro meus verdes anos de criança e adolescente. Esse filme me emociona tanto quanto outro italiano, “Cinema Paradiso”.
Fico, após assistir ao filme, lembrando do moleque do passado, com uma bola de meia ou de borracha, bolas de gude, piões, de calças curtas, pés descalços, sempre fazendo armações. Também já de calça comprida sonhando com Gradisca. Sim, a gente cresce, vira adulto e depois envelhece mas jamais esquece aquele menino que está incrustado na nossa alma.
Endurecemos, mas não perdemos a ternura e nem a alegria do menino do passado. Somos mesmo tempo e saudade, o que nos segura é a memória. Seremos sempre um menino grande, independente de posição social, ideias ou religião. Somos mesmo aquele moleque de antigamente. Ele está em nós vivo e bulindo.
Depois de assistir ao filme tomo uma lapadinha de cachaça e coloco na velha radiola um disco de vinil e ouço Ataulfo Alves cantar: “Eu daria tudo que tivesse/ pra voltar aos tempos de criança/ eu não sei porque a gente cresce/ se não sai da gente essa lembrança…”.
Sim, sou um velho que nunca vai deixar de ser um menino grande. Graças a Deus. William Porto. Inté.