A Lenda do "Bili De Quide"

"Tudo bem Baiana?", perguntou o Leco a minha mãe, que estava parada no portão fumando um cigarro Belmonte para espairecer. "Mais ou menos Leco, os meninos da rua bateram no meu filho e tomaram as bolas de gude dele!". "Quer que eu mate eles pra você Baiana?", Leco perguntou. Minha mãe, espantada com a proposta do Leco, explicou que os meninos que tinham me batido tinham a mesma idade que a minha, e eram conhecidos etc. Leco deu de ombros e manteve a proposta de pé…

"Baiana, podemos entrar pra eu te mostrar uma coisa?", Perguntou Leco. Nessa época, a gente morava no andar térreo de um velho prédio de três andares na rua Bartolomeu Bueno, quem passasse pelo corredor podia ver a nossa sala, caso a porta estivesse aberta, e estava aberta, quando minha mãe e Leco entraram, eu estava no sofá, ainda cabisbaixo pelo acontecido…

"É assim que eu ando Baiana!", Falou Leco, antes de sacar um revólver 38 cano curto. "Vem cá menino, segura a arma pra você sentir!", Leco falou comigo, eu? Lógico que obedeci, contrariando minha mãe, que disse ao mesmo que não havia necessidade daquilo. Por ironia do destino, o Robélio, um dos moleques que tinha me batido, passou pelo corredor e me viu, no exato momento em que eu segurava a arma do Leco…

Foi um alvoroço na rua, Robélio espalhou que minha mãe tinha comprado um revólver pra mim, e que eu ia matar geral. Pelo menos até esquecerem o boato, ninguém teve coragem de entrar numa comigo.