E eu sorri

O bar estava cheio de gente se estapeando pela derrota frequente do flamengo.

O mundo se acabava em água lá fora.

E eu sorria.

Eram as águas de março fechando o verão, com seus turbilhões bíblicos caindo sobre as ruas daqui, que são péssimas - mesmo asfaltadas - e fazem todo um carnaval de barro e minúsculas pedrinhas que descem pelos restos de meio fio que um dia foram postos.

A água desce de morro abaixo como os goles,

Goela adentro,

e fazem tudo parecer menos tenso.

Como se as coisas do dia fossem efêmeras;

como o dia que passa nos nossos olhos diante de uma manhã chuvosa de domingo.

Dias preguiçosos.

Gosto disso.

Dias que fazem até a solidão tremer de tanta preguiça que se possa ter.

E no meio de tudo, eu sorri.

Como se tudo ao redor não mas importasse,

e eu visse aquele erê no meio de toda aquela confusão comprando doce.

No final das contas é sempre sobre sorrisos e erês comprando doces em bares amigos ou aleatórios.

Essas coisas fazem a vida seguir em frente e manter a grande roda girando.

- e isso.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 09/04/2023
Código do texto: T7759808
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