E eu sorri
O bar estava cheio de gente se estapeando pela derrota frequente do flamengo.
O mundo se acabava em água lá fora.
E eu sorria.
Eram as águas de março fechando o verão, com seus turbilhões bíblicos caindo sobre as ruas daqui, que são péssimas - mesmo asfaltadas - e fazem todo um carnaval de barro e minúsculas pedrinhas que descem pelos restos de meio fio que um dia foram postos.
A água desce de morro abaixo como os goles,
Goela adentro,
e fazem tudo parecer menos tenso.
Como se as coisas do dia fossem efêmeras;
como o dia que passa nos nossos olhos diante de uma manhã chuvosa de domingo.
Dias preguiçosos.
Gosto disso.
Dias que fazem até a solidão tremer de tanta preguiça que se possa ter.
E no meio de tudo, eu sorri.
Como se tudo ao redor não mas importasse,
e eu visse aquele erê no meio de toda aquela confusão comprando doce.
No final das contas é sempre sobre sorrisos e erês comprando doces em bares amigos ou aleatórios.
Essas coisas fazem a vida seguir em frente e manter a grande roda girando.
- e isso.