PRECISAMOS CONTINUAR CORRENDO

PRECISAMOS CONTINUAR CORRENDO

Se já corremos demais, e ainda precisamos continuar correndo? Em alguns casos sim, precisamos completar a última milha. Não sei se alguém se lembra da primeira olimpíada feminina que aconteceu em Los Angeles em 1984, fazendo um calor de mais de trinta graus, que a suíça Gabriela Andersen aguentou bem até a metade da prova, mas no quilometro 21, muito cansada perdeu o último ponto de hidratação. O quilometro derradeiro foi o mais longo da vida de Gabriela, desidratada o corpo pouco respondia. Com um enorme esforço mental, cercada por médicos e empurrada pelos aplausos do estádio olímpico, precisou de dez minutos para os últimos duzentos metros, mas completou a prova com duas horas e quarenta e oito minutos no vigésimo sétimo lugar dentre 50 competidores. Precisamos continuar correndo, se queremos ser galardoados pela vida que Deus nos tem dado – concluir a carreira guardando a fé, pois que a coroação será do outro lado. Quando havia lido o livro de Fabrício Carpinejar com o título “Depois é nunca”, passei a fazer uma lista dos que vinha guardando para depois, e acabei concluindo por uma triste realidade – mesmo que corresse muito, para alguns, certamente o “depois é nunca”. Que triste, lembrar de muitos que correram conosco enquanto jovens, e sendo bons amigos, por descuido do tempo e pela desculpa do trabalho, fomos deixando para depois. Não é uma situação de se culpar, mas, poder em tempo, continuar correndo, mesmo que seja passando uma mensagem de WhatsApp relembrando de bons momentos de convivência. E quando lembramos dos familiares, quantos estão tão distantes de nós, em outras terras, tendo perdido o contato e não sabendo como estão nesses dias. Que pena! Todas essas perdas por termos confiado ser possível para depois. Pensando nisso, numa dessas pressas de encontrar um casal muito amigo, com muito esforço, acabamos encontrando a casa deles. Ao bater à porta, surge uma “senhorinha” já bem enrugada, quando pensamos – o que perguntar? Vai que o amigo João não mais esteja vivo! Então a segunda chance seria perguntar pela esposa, talvez fosse até aquela senhorinha que abrira a porta, seria menos arriscado. Aqui mora a dona Maria do Rosário? Uma olhadela para um lado, pro outro lado, encara de frente, olha nos olhos e... eles já não estão mais aqui, já morreram. Que frustação! É o caso, de concordar que “depois é nunca”. Sem problema, foi apenas o início, precisamos continuar correndo, com certeza, muitos se alegrarão por terem sido lembrados, e isso faz muito bem à nossa alma. Numa dessas situações, liguei para um amigo que atualmente mora numa bela cidade ao norte dos Estados Unidos. Ha mais de trinta anos não nos encontramos. Surpreso, mas demonstrando grande alegria, logo nos convidou a passar umas férias pela América, hospedado em sua casa e já com boas ofertas de passeio. Ótimo! Foi somente o primeiro impacto. Mas, quanto mesmo está o dólar? Não vai dar! Melhor será que você venha para o Brasil, fique em minha casa e aqui vamos dar uns passeios pelos lugares mais lindos do mundo. O danado é brasileiro, já naturalizado americano, e quando reverto a oferta, ele me diz: “nunca mais quero voltar ao Brasil”. Sujou! Disse eu, em tom de graça. Nesse caso, “o nunca” pode ter acontecido. Sem problema, foi somente um apenas, precisamos continuar correndo, procurando um meio, uma oportunidade para, pelo menos uma lembrança, mesmo que virtual, quando possível. Há bem pouco havia lançado o livro mais recente cujo título é “Cercado por Anjos” pela Editora Recanto das letras, uma resposta ao texto bíblico que diz: “Os anjos do Senhor acampam ao redor daqueles que o temem e os livra”. Retrata uma realidade em nossa história de vida, por raras vezes percebidas. Existem anjos ou não? Ora, se a Bíblia diz, nós é que não percebemos. Quem são anjos – são mensageiros de Deus. Foram lembrados alguns nomes de pessoas excepcionais. Teriam sido elas anjos? Tive uma grande surpresa, recebi uma enxurrada de reclamações: “não encontrei meu nome”. Que bom! Pedi que aguardassem a segunda edição. Quero poder aplaudir esses heróis na corrida da última milha, para que não desistam nunca. Precisamos continuar correndo.