O Jesus que eu conheço

O Jesus que eu acredito e admiro muito foi um revolucionário contestador que andava com os excluídos.

De acordo com a Bíblia, nasceu pobre em uma quebrada. Um certo lugar de uma periferia do mundo e longe de tudo.

Ele passou a vida sempre arrumando confusão pelas causas sociais: "Ele dizia que seu Pai era um Deus". Desde cedo Ele já era contra o acúmulo de riquezas, contra a pena de morte, contra linchamentos, contra a violência às mulheres e até contra a oração feita em público e não gostava que fizessem do Templo um lugar de comércio. Mas além de ativista, aproveitava a vida. Ia a festas, como nas Bodas de Cana, curtia um vinho, admirava a beleza e o privilégio que é estar vivo.

Ele chegou a defender assassino, adúltera, ladrão, pobre e leproso. Denunciava aquela elite econômica, religiosa e política que não defendia os direitos humanos dos excluídos e que não faziam nada para acabar com a pobreza e a miséria daquele lugar. Aliás, a própria história religiosa mostra que o povo daquela época sofria muito, igual acontece hoje em muitas nações, e este povo esperava a vinda de um grande "rei" que, além de ostentar muito poder, pudesse fazer frente ao império e os libertasse da escravidão impostas pelos Césares.

Em suas caminhadas, Jesus foi juntando uma galera pra defender a causa e começou a fazer barulho. Um barulho que começou a perturbar a elite da época. Imaginem, um certo dia a beira mar Jesus chamou seus primeiros discípulos dizendo: "sigam-me e irei lhes ensinar a serem pescadores de gente".

Por onde passava Ele pregava o amor, a paz, a caridade, a bondade e o perdão, mas também se enfurecia com quem tratava a fé como uma mercadoria e um negócio lucrativo. Conquistou então, logo cedo, o desafeto da classe média, alta e da elite dominadora.

Durante suas pregações e ensinamentos Ele nunca exigiu dinheiro em troca dos milagres que fazia. E mesmo assim alguém lhe tocava em meio a multidão e era curado.

Ele jamais defendeu a exploração econômica, financeira e tributária de sua época. A César o que é de César. Porém, certo dia foi jantar na casa de um cobrador de impostos.

Ele nunca abusou dos seus seguidores e nem lhes prometia fortunas ou cargos e salários superiores.

Ele nunca justificou a tortura e a pena de morte. Ele era contra a morte na cruz! "Pai se possível afaste este cálice de mim", disse certa vez enquanto orava.

Ele nunca construiu um templo, um castelo ou uma grande mansão em meio a um condomínio nobre nos arredores de Jerusalém.

Jamais disse que matar ou investir em guerras era solução para tudo. Ao contrário, pregava que isso era a desgraça do mundo e a destruição do homem.

Por causa de tudo isso foi considerado subversivo, foi preso, condenado e crucificado pelo Império. E até hoje, 2023 anos passados, ainda não entendemos tudo aquilo que Ele nos deixou. E ainda continuamos levando Jesus ao Tribunal e soltamos o outro...

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 07/04/2023
Reeditado em 10/04/2023
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