E tudo estava consumado

Eu lembro bem.

Era uma sexta-feira assim como hoje.

Pairava um silêncio no ar naquela manhã.

Pela manhã ainda era hora de adoração que começou na noite passada logo após a Celebração do Lava-pés.

Uma sexta-feira de adoração a Cruz e que iria terminar mais tarde com a Procissão.

A Procissão do enterro do Senhor, de todas a mais solene e comovente; levava pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. Era precedido por um andor com uma grande cruz e seguido pelo andor da Senhora das Dores.

Era um longa Procissão que começara no cair da tarde ali bem em frente a Paróquia Nossa Senhora das Graças e teria um longo percurso pelas ruas da Cidade. Uma grande manifestação de fé religiosa ali demonstrada por todos os fiéis que não cansavam de rezar e cantar.

Já era noite e as velas iluminavam o caminho por onde passava a Procissão.

E os fiéis devotos, ainda não paravam de cantar e nem de fazer suas orações.

"Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão..."

Agora os pingos da vela acesa teimavam em queimar os dedos. Eu não tenho ideia de quanto tempo durou a Procissão e nem precisava.

Porém, após algumas horas naquela Procissão, nada tiraria o brilho daquela manifestação de fé tão maravilhosa.

Aquele era um momento que não deve ser traduzido em palavras. Mas, sentido e vivenciado em toda sua plenitude. Talvez, pudesse ali representar para muitos um ultimo momento.

A Procissão agora seguia de volta a Paroquia Nossa Senhora das Graças onde tudo começara.

Era o fim da Sexta-feira Santa.

E tudo estava consumado...

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 07/04/2023
Reeditado em 07/04/2023
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