QUE ME DIZ A VELHICE - (Segunda parte)
QUE ME DIZ A VELHICE - (Segunda parte)
Salomão já afirmava que “o muito saber, enfado traz”. No mundo das ideias, o saber se limita ao que cada um traz dentro de si, fazendo com que o mais saber seja rejeitado, ou, quem sabe, apenas admirado. Por esse fato, a ignorância tem ocupado lugar mais alto, e o mundo caminha para o abismo. Desta forma, a velhice me diz que, tudo o que a existência me tem dado, está em Deus o Criador, de nada adianta lutar contra Ele. Tudo o que sou, tudo o que tenho, tudo o que penso vem de Deus. A minha existência tem sido o meu preparo para o vestibular eterno, já tenho a senha: Cristo – a ponte, a boia da salvação. A velhice me diz que a eternidade me espera! A idade me diz que o dever de casa está sendo feito. Idade avançada é uma benção de Deus. Logo, nada a reclamar se este corpo anda cansado, afinal de contas, se ainda permanece de pé, é sinal de que ainda funciona. Quanto a longevidade, é dádiva de Deus que é concedida para desfrutar de dias de maior reflexão sobre o que está por vir. Assim, os dias da velhice tem se tornado prazeroso, daqui a pouco todos as dores e tristezas estarão vencidas, vencidos os projetos, ora de ira para a casa. Isso é o que a velhice me diz! Para aquele que vive por longos dias, muitas coisas podem produzir lembranças alegres e, também surpreender com coisas tristes. Por exemplo: reencontrar amigos de muitos anos passados, dar gargalhadas por julgá-los envelhecidos, quando a retribuição passa a ser igual, pois que o desejo é o de ignorar que também estamos velhos – somente os outros é que envelhecem. Por outro lado, o fato de estarmos vivendo mais, também nos deixam acontecimentos tristes, muitos dos amigos se despedem antes da gente, isso não é bom, apesar da compreensão de que também seguimos na fila. É comum aos velhos reclamar das poucas visitas dos filhos, dos amigos que não mais se fazem presentes. Toda fama conquistada vai sendo esquecida, parecendo que o que foi conquistado a suor e sangue, vai se perdendo a cada dia. Mas não podia ser diferente, afinal a gente tem que lembrar que a velhice diz que cada um de nós tem seus dias de glória, logo, sendo perfeitamente normal que outros vão ocupando os lugares que vamos deixando para traz. Pode parecer estranho que se diga uma coisa dessa: pessoas que nos dias finais da vida, são lembradas no momento de suas mortes, pois que, a multidão que guardava as boas lembranças logo reaparece nesse dia, assim, produzindo um bem estar à família e aos enlutados. Curiosamente, alguém com quem era compartilhada uma conversa, falava da vida nômade de um casal, sobre a falta de construção de uma tradição, a falta de ser referência nos lugares onde tem vivido, e de repente uma pergunta muito estranha: Você já pensou no dia de seu funeral, quantas pessoas estarão acompanhando a caminhada fúnebre? Em resposta, um diz assim: Bom, eu já estaria morto mesmo, não faz diferença nenhuma. Outro, por sua vez diz: Seria muito triste para a família, para os amigos, meia dúzia de gatos pingados, e ainda todos terem que ouvir: coitado do falecido, foi desprezado até no dia de sua morte. Estranho não! Mas é isso mesmo, gente que vive mudando de residência, pouca chance tem de construir amizades duradouras e por isso, serem esquecidas até mesmo no dia de seu funeral. Chato falar de morte não? Certo! Falemos então de vida, vivamos de modo a valorizar as pequenas coisas de cada dia, preparados para enfrentar o momento da última chamada. Todas essas coisas são o que diz a minha velhice. Velho é o passado!