CRÔNICA – Que doutora linda! – 24.03.2023 (PRL)

 

1609375.jpg

 

CRÔNICA – Que doutora linda! – 24.03.2023 (PRL)

 

 

De ontem para hoje amanheci contente. Afinal chegara o dia de me reapresentar à médica Rosa Maria, especialista em ortopedia (ombro). É que há muitos anos, viajando a serviço da empresa onde prestava meus serviços, em carro próprio, um Maverick novinho em folha, este derrapou e virou num precipício de cerca de 6 metros, em direção a um pequeno açude, comigo no volante.

 

Eram três pessoas no automóvel, dois colegas do banco e um vigilante. Nós havíamos viajado para aliviar o caixa da agência, que estava abarrotado de dinheiro, eis que na época de receber os pagamentos dos empréstimos feitos aos agricultores da região, mormente para plantio de algodão herbáceo, milho e feijão ou mesmo mandioca, culturas que eram bem difundidas e ainda o são aqui no Nordeste, as três primeiras de ciclo curto, enquanto a mandioca para produzir mesmo e dela se fazer farinha de mesa e outros subprodutos podia levar dois anos.

 

A ocorrência se deu exatamente no distrito de São Fernando (RN), que pertencia ao município progressista de Caicó (RN) --  cujo comando político era do grande Senador Dinarte Mariz --,para onde se destinava toda aquela quantia de R$ 40 milhões de cruzeiros, dinheiro que faria a independência de todos nós, com certeza.

 

Dessa virada resultou-me a fratura da clavícula do lado direito. Levado para os primeiros socorros, estes se deram na Maternidade Mãe Quininha, único estabelecimento oficial de assistência à saúde daquele distrito do sertão do Seridó nordestino, que foi fundado em 1970, hoje um moderno hospital. Aliás, a população lá existente, de funcionários e internados se admirou prontamente de um homem adentrar o recinto para tratamento.

 

Pois bem, o médico que me atendeu, muito educado, mas nervoso, disse-me que não teria condições de fazer o procedimento necessário, que seria a implantação de um parafuso para assegurar a adaptação e colagem do pedacinho de osso a ser colocado no meu ombro. “Vou ter que encaminhá-lo a João Pessoa (PB), imediatamente!”. Era uma sexta-feira, lembro-me como se hoje fora, chegamos à noite. O doutor que estava de prontidão, ao me receber e examinar confirmou da necessidade dessa providência, todavia só poderia fazê-lo na segunda-feira.

 

Implorei para que realizasse a cirurgia ainda naquela noite, quase chorei de tantas dores. Ele, gentilmente, conseguiu contatar a tempo com o anestesista, que iria passar o final de semana na sua fazenda de gado na zona rural da capital paraibana...e isso foi feito com absoluto sucesso, de maneira que dois dias depois eu já fora liberado para retornar a minha casa em Catolé do Rocha (PB).

 

Passados cinco anos dessa ocorrência, eis que o meu ombro começara a doer novamente, e só poderia ser aquele velho problema da clavícula, foi no que pensei. Dito e feito, tens de ir ao Rio de Janeiro para cuidar disso, disse-me um diretor do estabelecimento que eu dirigia, mas tudo por conta da Casa, porquanto o acidente ocorreu a serviço do Banco. Não deu outra, viajei tranquilo para esse novo embate.

 

Na cidade maravilhosa, apresentei-me ao médico competente, Dr. Waldemar Rosa, especialista chefe de dois centros cirúrgicos do Hospital da Beneficência Portuguesa, uma sumidade de pessoa. Falou-me da necessidade de retirar um pedaço do meu osso ilíaco justamente para implantar esse corpo estranho, em parte, no meu ombro.

 

A cirurgia foi feita, sendo que no decorrer do procedimento, viu-se que a porção do ilíaco não encaixara bem, razão por que teve de fazer o enxerto com uma parte do osso da tíbia, que deu certo, graças a Deus. No momento da alta hospitalar, tirei do bolso da camisa uma caneta de ouro que a minha mãe me dera de presente e a doei ao grande médico, dizendo: Doutor Waldemar, para mãos de ouro só mesmo uma caneta desse metal para assinar a minha saída do hospital". Ele relutou, terminou aceitando, e chorou de emoção.

 

Mas o que tem a doutora Rosa Maria com essa história, perguntam! Tudo, porque o meu ombro voltara a me incomodar, sendo exigida a minha presença para verificar a situação, munido de exames radiográficos e ultrassonografia fui à consulta.

 

Interessa também porque sou admirador de mulheres bonitas, e essa médica me deixou totalmente desvairado, seja pela sua beleza incomum, seja pelo seu exemplar atendimento; o seu piscar de olho me deixou ainda mais carente nesses dias. Então aconteceu o pior: duas das minhas filhas resolveram, de última hora, ir comigo à consulta. Sequer senti dores na infiltração a que ela me submeteu na minha região escapular.

 

E a solução será na base da fisioterapia.

 

Pode uma coisa dessa!?

 

SilvaGusmão

 

Claro que esse não é o nome da médica.

 

Alívio era a operação de esvaziar um pouco o cofre abarrotado e levar o dinheiro para a supridora, no caso a filial de Caicó (RN). Quando a agência necessitar de dinheiro para operar dá-se o contrário, pede suprimento, reforço.

 

A moeda da época era o cruzeiro – Cr$, que substituiu ao cruzeiro novo, e vigorou de fevereiro/67 a fevereiro/86.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 05/04/2023
Reeditado em 07/04/2023
Código do texto: T7757094
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.