O QUE ESPERAR DESTE JOVEM?
O QUE ESPERAR DESTE JOVEM?
MILTON LOURENÇO
27/11/07
Não há mais como negar e dizer que o mal das cidades grandes ainda vai demorar a atingir as nossas cidades do interior, consideradas pequenas, ou simplesmente pacatas, onde todos se conhecem e se respeitam como uma grande família com cadeiras nas calçadas e conversas animadas entre compadres.
O tempo passou. A realidade é outra. Não se pode ficar vivendo de nostalgia com janelas abertas, facilitando as ações do amigo do alheio.
Bem próximos de nós as Faculdades, Casa de Custódia, funk, facções, gangues de bairros e a chegada de muita gente de fora (até mesmo para fugir das cidades grandes) mudaram nossa rotina de cidade pacata.
Os “ladrões de galinha” e os crimes por paixões deram lugar aos assassinatos e outros delitos violentos. Muitos praticados por jovens e motivados por drogas.
Nós, os atuais quarentões, ou um pouco mais, sabemos que na nossa adolescência, os delitos eram bem diferentes e que as drogas pesadas eram coisas de “estrangeiros”; as chamadas drogas “moderadas” eram coisas de artistas e intelectuais e sobravam para os menos favorecidos, os “bobos espertos” daquela época, as chamadas drogas permitidas como o cigarro, a cerveja e a cachacinha que se compra em qualquer barzinho de esquina.
As mortes eram, na maioria das vezes, por velhice ou doença ruim (os atuais cânceres). Hoje temos um quadro alarmante de jovens entre 13 a 25 anos morrendo diariamente, vítimas de acidentes automobilísticos, homicídios ou suicídios – muitas das vezes com evidente conexão entre algum tipo de droga – seja ela pesada, proibida ou as simples e toleradas como a cervejinha, a cachacinha ou o cigarro.
O vício começa na adolescência. Aquele nada ”inocente tapinha” no cigarro ou no copinho de cerveja (às vezes com o próprio pai ou IRresponsável) abrem as portas para a inevitável procura por coisa mais pesada junto com amigos mais “espertos”.
O próprio Estatuto da Criança e Adolescente, o mal afamado ECA, que veio com o objetivo de protegê-los se tornou um escudo para o aumento de delitos juvenis, e tem levado alguns políticos e algumas instituições um pouco mais sérias a se preocuparem, tentando até rever a maioridade para punições de tais delitos.
É justamente na adolescência – hoje até na pré-adolescência – quando o jovem tem seu corpo se desenvolvendo, o sexo despertando, a personalidade se formando e chega o momento de começar a definir o seu rumo e o seu papel diante do mundo que o cerca, quando o apoio dos pais se torna essencial. Ele se vê sozinho.
O jovem precisa de um exemplo, um modelo para seguir. Mas o que ele vê é impunidade, funk, facção de bairro, sexo fácil, corrupção política, violência doméstica, abandono, bebida liberada, separação dos pais, além de ouvir que tem que levar vantagem em tudo (a tal lei do Gérson), e principalmente que em tudo não tem nada a ver (ou haver).
Realmente esses valores não contribuem em nada na vida do jovem. Então o que esperar deste jovem? A não ser mais violência, mais delitos, mais drogados, mais prisões, mais acidentes, mais mortes. Novas gerações vão se perdendo cada vez mais cedo, por culpa dos próprios responsáveis irresponsáveis que formaram as gerações anteriores.