Assassinos. E desarmamentismo. E armas-de-fogo. E facas e machados.
- Tu viste, Mauro?! Viste?! Mataram, à faca, numa escola, crianças.
- Vi. Vi, sim, Cláudio.
- E agora?! Tu viste?! Um cara matou, com um machado, numa creche, quatro crianças, e feriu não sei quantas outras.
- Vi. Também vi, Cláudio.
- E tu sabes o que mais me chama a atenção nestas duas histórias?!
- Sei.
- Sabes?!
- Sei.
- E o que é?!
- A ausência dos desarmamentistas. Daquelas pessoas que arrotam amor pelas crianças. Daquelas pessoas que defecam discursos de justiça social. Daquelas criaturas que vivem de sinalizar virtudes.
- Tu entendestes aonde quero chegar.
- Somos a corda e a caçamba. Não é assim que teus pais se referem a nós.
- E meu avô Ildefonso, de formação clássica, nos chama de Castor e Polux.
- Não me surpreende a ausência dos da turma do o outro mundo melhor, do mundo sem fronteira. Não me surpreende o silêncio deles. Ora, o que esperaríamos de criaturas do pântano, seres mefíticos, cujas almas, caso tenham alguma, estão podres de tão corruptas?!
- Eles não podem capitalizar politicamente os dois casos, então é melhor ignorá-los; melhor, fingir que deles não tomaram conhecimento.
- Mas se os assassinos, o munido com uma faca e o com um machado, portassem uma arma-de-fogo, o mundo desabaria sobre a cabeça dos defensores do direito à legítima defesa. E digo bem. Eu disse "sobre a cabeça dos defensores do direito à legítima defesa", e não "sobre a cabeça dos armamentistas". A distinção é patente. Os desarmentistas opõem-se ao direito à legítima defesa.
- E amam, e amam de paixão, os bandidos. Derretem-se de amor por eles. Estariam, neste momento, caso, nestes dois casos, os assassinos usassem armas-de-fogo para efetuar seus crimes, representantes dos direitos humanos a esgoelarem-se, políticos de sabemos quais espectros ideológicos a babarem e a dispararem, tais quais vulcões em erupção, perdigotos e baba infecta, nos fascistas, nos genocidas, nos, enfim, homens de bem.
- E a imprensa?!
- Viste?! Nenhum pio. Para ela, são os casos inexistentes.
- Compreensível. Não servem à narrativa de demonização à legítima defesa.
- Nenhuma surpresa.
- Que Deus console os familiares das angélicas vítimas e tenha com Ele as almas delas.
- Amém.