DA JANELA
DA JANELA
Da janela o vejo, acende algumas velas junto à parede do hotel abandonado. Depois, vai até pedaço de chão cheio de mato e de lá tira um embrulhinho em papel celofane. Senta no meio-fio, sôfrego desembrulha o pacotinho, saca do bolso surrado um pito, coloca a pedrinha desembrulhada, acende e aspira com vontade. Torna a embrulhar o que sobra. Levanta, apaga as velas que, sabe-se lá para que acesas, faz o sinal da cruz e vai-se, perdidamente satisfeito em sua e minha tristeza desumana. Mais tarde estará de volta e repetirá os gestos, da janela guardo seu segredo, não tenho coragem para desvendá-lo.