Se Aquele Sabugueiro Falasse...
Todas as vezes em que nos falamos
Trocamos palavras educadas e triviais
Ousamos confessar apenas que nos gostamos
Mas sinto trêmulas as mãos da moça de Batatais
É um momento sublime tido hoje em dia como jocoso
Meu jeito de moça simples chega a deixar o moço nervoso
Basta timidamente minhas pálpebras baixar
Para lentamente de mim ele tentar se aproximar
Pede para que eu soletre uma palavra qualquer
Resguardo-me no sagrado silêncio de mulher
Mas ele insiste em querer ouvir a minha voz
Então em uma palavra resumo tudo
Nós...
E eu que mal passo de uma menina
Vejo o discreto marejar de sua retina
Abraço a mim mesma
Como se sentisse frio
Enquanto ele aconchega-me junto ao peito com destreza
Ali sob as árvores a beira daquele rio
Debaixo daquele Sabugueiro
Abro os meus braços para fazê-lo consentido prisioneiro
Descalça num vestido simples de algodão
Na água jogo as correntes
Nem podia ser diferente
Sou a moça que aflora sentimentos pela emoção
No limo das pedras quase escorreguei
Ainda bem que astuta em seus braços me amparei
Mas quando ele preparava para me beijar
O avisei que para casa precisava voltar
E agora como fica meu coração pequena?
Embrenhei-me numa fuga pelas rochas
Deixando um rastro de Letras carinhosas
Também sente medo de Amar uma morena...