"DIGITAL INFLUENCER" e sua linha evolutiva
1. Os meios técnicos de difusão e sua evolução
As invenções da fotografia e do cinema, entre os séculos XIX e a primeira metade do século XX, praticamente inutilizaram a pintura e o teatro como reprodução do real. Isto mais na Europa e EUA (os artefatos de audiovisual conseguiram reproduzir o real numa plataforma material, de maneira idêntica). Reis e nobres valorizavam a pintura e o teatro como reprodução de seus rostos e suas famílias, com os pintores buscando a perfeição das formas e supervalorizando traços, a partir da Renascença quinhentista. No caso do teatro, dramaturgos fazendo apologia aos mitos sobre suas origens divinas.
Artistas eram praticamente membros dos círculos reais, buscando viverem financeiramente das suas produções de bajulação da nobreza. Após a indústria cultural solidificar-se, passaram a assalariados de empresas com Warner, Disney, Paramont etc.
A Igreja Católica, por sua vez, obtinha na arte sacra sua maior identidade, já que a escrita não era popular, mas sim as comunicações orais e visuais.
Todos estes foram personagens sociais da Idade Média. Particularmente, a Igreja, apropriou-se dos palácios do Império Romano que eram utilizados, com suas esculturas, para cultuar “deuses pagãos”, desde que o imperador Constantino tornou-se cristão e fundou o catolicismo romano.
A maioria das pessoas eram analfabetas até o século XIX. A tradição oral e as imagens eram as maiores propagadoras da cultura imaterial e da mentalidade da época. Mas a difusão da alfabetização como dever dos Estados modernos foi criando um público leitor. Uma necessidade, diante da expansão das sociedades industriais.
Não havia tantos intelectuais como hoje: especialistas em escrita, leitura e emissão de opiniões. As universidades, depois das reformas napoleônicas novecentistas, juntamente com a expansão da imprensa como formadora de opinião das democracias emergentes, demandam intelectuais, basicamente oriundos da pequena burguesia. Muitos deles sendo atraídos pelo socialismo marxista ou o liberalismo inglês.
2. O uso político da informação
A rádio nasceu das descobertas do eletromagnetismo, vindas da física atômica. O meio de propagação de mensagens deixava de ser somente o papel, a tela, a matéria-prima das esculturas. O tipo de bajulação do poder muda radicalmente, especialmente pela emergência da efervescência da produção da cultura das camadas populares.
Na 2° guerra, capturou a música e criou a música popular, até então: marginalizada. A música antes era clássica e de consumo em salões da alta nobreza. Porém, a música das comunidades pobres continha poucos instrumentos: sendo, na sua maioria, mais de percussão, dadas facilidades de fabricação e execução. Mas as rádios preferiram os gostos das massas, por causa da venda de mercadorias. Daí a palavra cultura de massas, que é uma espécie de industrialização da cultura popular.
Os governantes também, seja nas democracias ou nas ditaduras, começaram a usar a comunicação de massas como meios de criação de popularidade e poder. Frise-se que o eletromagnetismo foi fundamental na difusão de massas de informações de interesses políticos e econômicos das classes dominantes. Logo, a rádio e o cinema foram fundamentais na criação da superestrutura do século XX, na forma ou de meios de comunicação do poder estatal ou de grandes corporações capitalistas.
A resistência francesa, na invasão nazista de Paris - para termos uma ideia da desterritorialização do emissor - foi toda feita em Londres. Resistência contra Paris ocupada pelos nazistas. C. de Gaullet, o general francês, usou a BBC de Londres para dar ordens e acalmar os franceses contra o sadismo de Hitler (que contava com colaboradores na França, por incrível que pareça!).
3. A cultura popular com base da cultura de massas
Surge, via rádio, o gosto popular como matéria-prima dos programas de rádio e, depois, da TV. Novos gêneros de música nascem de elementos ancestrais.
Surgem os gêneros de filmes como era no teatro, que só tinha tragédia e comédia. Porém, sempre, mas sempre, o texto e a partitura musical foram núcleos de tudo. Dessa maneira, a rádio e o cinema começam a retirar das pessoas o gosto da leitura.
A rádio lia um texto para o público. O megafone foi ampliado pelas ondas eletromagnéticas.
4. O jornalista como empregado da burguesia comunicacional
Daí nasceu o jornalista ou profissional de imprensa. Geralmente formado em direito, pois era um curso que ensinava a arte da retórica e da escrita. Não havia ainda um jornalista profissional e as empresas de comunicação de massas ainda estavam começando. Mas estavam acumulando fortunas nas mãos de algumas famílias burguesas.
A partir de 1980 é que são formadas as grandes redes mundiais de televisão aberta. Os jornais impressos já tinham prestígio de 2 séculos. As revistas eram uma nova segmentação, a partir do fim da 2° guerra.
De 1980 até hoje é que nasce o fortalecimento das faculdades de jornalismo e de publicidade. Profissões que se tornam remuneradas e exclusivas para as empresas de comunicação de massas, sejam do Estado ou da iniciativa privada.
Nelas são estudadas as máquinas que fazem edição, transmissão e todas as operações de difusão da comunicação. Psicologia e sociologia tornam-se instrumentos de sedução das massas nestes estudos.
5. Os influenciadores digitais como "empregados" do Youtube:
Com a internet ganhando força, devido a difusão dos computadores domésticos, em 1990, nascem as redes sociais. Depois as plataformas de vídeos domésticos.
O influenciador digital, hoje, ou trabalha só ou contrata profissionais de comunicação, como jornalistas e publicitários.
O controle da informação está cada dia mais difícil por parte de empresas de comunicação com responsabilidade judicial pelo que elas dizem ou publicam. Porém, muitos influenciadores já sofreram processos por crimes contra a honra.
As plataformas que os divulgam também. A cada dia mais, as plataformas de internet armazenam perfis dos seus usuários para proteção contra processos, pedidos de investigação da polícia e de construção de estratégias de marketing.
Todavia, sem saberem, os influenciadores digitais deixam bilionários os proprietários das novas plataformas digitais, produzindo bons ou maus conteúdos (numa segmentação impressionante do público - que era mais homogêneo no começo da mídia de massas).
A linguagem escrita somada à inflação de imagens formam o hipertexto, no qual informações são consumidas pelo cérebro numa velocidade bem maior que no tempo das pinturas renascentistas - consumidas subliminarmente.
CONCLUSÃO
Imagens sempre foram o principal meio de difusão da mentalidade de um sistema social, sendo a escrita um privilégio;
A partir do século XIX, ocorre a expansão da escrita e formação do público leitor das primeiras mídias impressas que se caracterizam como empresas lucrativas;
Com a fotografia, o rádio e o cinema, a imagem novamente rouba da escrita o público, sendo plataforma de poder;
Na sociedade da Internet, a escrita torna-se um apêndice “pálido” do hipertexto, polissêmico e contraditório.