REFLEXÕES DE HOJE.
Ao me deitar, na penumbra de meu quarto, às vezes vejo a Lua me espiando pela janela, também olho para ela.
E fico a pensar o que continuo fazendo neste mundo.
Não que esteja sendo ruim, para mim.
Estou tendo o privilegio de estar chegando aos setenta e três e não estar tomando remédio algum de uso continuo ou descontinuado.
Cresci, trabalhei, fui casado, três filhos, os três homens do bem e estão bem, tive uma esposa e uma companheira interessante dizer tive, mas ninguém era minha propriedade, bem como os "bens" que estão no meu nome não me pertencem, basta eu não pagar os impostos imposto que depressinha saem do meu nome, então não me pertencem.
Moro só, sou saudável, aposentado, os filhos vivem suas vidas, assim como vivi a minha.
Digo que eles pertencem a minha familia, mas eu não pertenço a familia deles.
Neste canto solitario, evito o maximo permitir que entre a solidão.
Vivo sim me questionando:
- O que estou fazendo aqui?
Tive varios colegas que de bondade dariam de dez a zero em mim e já partiram para outra dimensão.
De certa forma creio que eles façam mais falta ao mundo do que eu, pois como disse eram muito mais generosos em todos os sentidos. Não sou um ser ruim , mas não sou a bondade em pessoa.
Eu nunca sonhei com nada além de minhas possibilidades.
Hoje tenho paz, e essa paz para mim é primordial, mais que a tal felicidade, na real penso que se estando em paz, tudo de bom se agrega, saúde, a tal felicidade, bom humor, discernimentos corretos, possitividade e por aí a fora.
Sei que se permitir a entrada da solidão, ela me derruba, as vezes ela bate à porta, toma um cafezinho, penso umas asneira, me recomponho e lhe mostro a porta de saída.
Entendo que se eu permitir a solidão ficar, nesta situacao que me encontro sem muito o que fazer, sem objetivos a conquistar, ela pode me dominar.
Galguei a montanha de minha vida, atingi o topo, construi o que pude e da MINHA melhor maneira, e hoje desço essa montanha com muita paz e consciente que cada dia vivido mais perto minha data de embarque estou, sem medos e sem receios.
Fui e sou uma pessoa muito, muito ,muito privilegiada, posso até dizer que o vigor fisico de minha mocidade ainda permanece em mim.
Então no momento, resta -me sentir - me passando pelo tempo, no meu ritimo. E pensamos que ele passa por nós.
Olhar, não. Melhor, apreciar tudo o que a Natureza proporciona para meus olhos, mente, corpo e alma.
Não ter apego aos objetos que estão em meu nome, pois de fato não me pertencem.
Tenho certeza e sem demagogia, que o Mundo, não se sentiu prejudicado com minha passagem por ele. E não sendo prepotente sei também que minha parte foi bem conduzida.
Plantei varias árvores, tenho tres filhos que com méritos conjuntos, deles, da mãe e um pouquinho meu, eles são do bem e estão bem. O mundo então de minha parte está um pouquinho melhor.
Não escrevi o necessario livro, mas tem - se ele em muitas paginas espalhadas aqui no RL e outros locais, só não consegui junta -las encapa - las e dar um título comum a todas elas, ou seja, um livro de fato.
Resta me agradecer todos os privilégios que tenho tido, inclusive o de viver o melhor periodo que a humanidade já teve ( dos anos cinquentas aos noventas)
Aguardando, em meu ritimo o momento de embarca, em paz, feliz, consciente.
Dever cumprido.