Os Maus Samaritanos do Capitalismo

Em tempos que se discute o papel do Estado em ser mais ativo no combate a pandemia do coronavírus, a obra de teoria econômica (Maus samaritanos: o mito do livre-comércio e a história secreta do capitalismo de Ha Joon Chang) se faz fundamental para o atual debate. Ele demonstra com uma série de exemplos históricos e bem fundamentados de que a premissa neoliberal de Estado mínimo e o livre mercado são meras hipocrisias teóricas pregadas falsamente pelas grandes nações capitalistas.

O que se observa ao longo do tempo do desenvolvimento desse sistema econômico é que países como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos constantemente tiveram aparelhos governamentais intervindo nas relações econômicas através de protecionismo econômico, serviços públicos que gerem bem estar à população e incentivo estatal para desenvolvimento tecnológico.

Pensando sobre essa premissa e pensando sobre certas situações históricas: a internet não foi desenvolvida como método de comunicação inicialmente pelo exército americano? O que é a Nasa senão a maior instituição de pesquisa espacial no mundo mantida essencialmente pelo Estado? O que seria das potências europeias após a Segunda Guerra Mundial sem as ações de intervenção governamental para garantir o bem estar de seus povos?

A obra demonstra que o receituário neoliberal que o FMI e cia recomendam aos países pobres não fazem sentido quando se observa a trajetória econômica das nações desenvolvidas. Como no título da obra, eles são falsos samaritanos, de nada se preocupam com o bem estar e desenvolvimento social dos países periféricos tendo em vista que o receituário privatizador só foi adotado pelos mesmos quando já tinham alcançado alto desenvolvimento econômico com o uso intenso da intervenção estatal nas relações econômicas.

Portanto, Chang recomenda que as nações humildes protejam suas economias, incentivem a produção tecnológica e industrial através do auxílio estatal para que consigam vencer seus problemas sociais. Adotar as premissas da escola austríaca de economia só agravam problemas como desemprego e miséria na periferia do capitalismo.

01.04.2020