DOMINGO DE RAMOS
Ano após ano, lá de cima, no coro da igreja, cantávamos a plenos pulmões:
“Os filhos dos hebreus
Empunhando ramos de oliveira,
Foram ao encontro do Senhor,
Gritando – hosana nas alturas”
Nesse dia, pela liturgia católica, tem início as celebrações da semana santa que é determinada pela primeira lua cheia a partir do equinócio de verão (20 ou 21 de março).
Trata-se da adaptação das festas em homenagem ao deus grego Dionísio, deus da fartura, do vinho, das orgias, dos ciclos vitais e que, coincidentemente, era o único deus do Olimpo filho do supremo Zeus com uma mortal...
A semana santa cristã serve para relembrar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, da sua ida ao templo, das pregações no dia em que os hebreus comemoravam a festa do tabernáculo (local onde esteve guardada a arca da aliança), e termina com a ressureição nos primeiros momentos do domingo seguinte, ocasião em que o celebrante entoa a aleluia (em canto gregoriano), e representa a passagem da condenação pelo pecado para a salvação pela misericórdia divina.
A páscoa dos hebreus, que neste ano de 2023 ocorrerá do dia 05 a 13 de abril, comemora a passagem (pessach) da condição de escravos no Egito para a de libertos em Canaã.
Nos seus discursos, Jesus pregava a igualdade entre os homens pelo amor, contrário aos privilégios das classes dominantes e essas palavras, logicamente, causaram indignação e a revolta dos sacerdotes do sinédrio e demais privilegiados que o levaram ao julgamento e à cruz.
Essa história contada inúmeras vezes, expõe a verdadeira estrutura social que persiste até os nossos dias quando se criam condições e leis para que desejos sejam entendidos como direitos e as classes dominantes permaneçam inalteradas geração após geração, na melhor definição do que seja oligarquia.
As desigualdades sociais jamais deixarão de existir, porque as pessoas são diferentes, os talentos e aptidões também o são, mas isso não é motivo para preconceito ou que se iniba a liberdade de pensamento, de opinião ou ascensão social.
Todas as profissões são importantes e necessárias, mas as remunerações correspondentes, não podem nem devem ser niveladas assim como não podem estar divorciadas do tempo dedicado ao estudo, do esforço pessoal para qualificação e da dedicação na função que caracteriza o mérito do profissional virtuoso.
Infelizmente, cá entre nós, continua a vigorar o antigo ditado “em tempos de pouca farinha, meu pirão primeiro” e o apadrinhamento entre os “cumpnhêru”.