Recontando nossa história
Por ter o futuro sequestrado, o corpo em "peça" transformado;
nessa terra fomos com descuido fincados.
Mas o tempo que vinga a semente,
eclode o broto, e suga da mãe a seiva,
fez da negra planta, do chão da enxertado a vida.
Resistiu, sobreviveu, se criou.
De migalhas renasceu.
Da vida resiliência aprendeu.
Inúmeras batalhas travou pois o caminho não escolheu.
Se brilhou, não seguiu o script,
A intenção era com sua seiva alimentar o chão.
"Negro não aprende",
Sua função é a força do braço, o serviço no brilho do chão.
O negro conheceu as letras por intrusão.
Para desespero da casa grande, leu mais que o vilão!
Se nem "humano" era, não decidiu os rumos da nação.
Seguiu comendo restos, limpando o chão.
Dignidade era servir o agora patrão.
Unindo letras, vencendo a fome, fugindo da bala, do genocídio sobreviveu.
Uma fresta, a cota lhe abriu o portão.
Não era o céu, só o paraíso lhe incluindo na imensidão.
A imagem, não era ilusão, sua imagem várias, na Governamental constelação.
Humanos Direitos nós temos, Raça Igual elevamos e alturas alçamos.
Vemo-nos na propaganda, na revista, no banner. Espaços antes enxergados do chão.
Doutor ficou colorido e com pompa, por vezes plumado.
Joias de contas ostentando, o Orixá sem medo reverenciado.
Antes ainda, "gente" tornado.