Mini crônica: O Testamento do poeta.
O Poeta partiu para o outro lado , mas como gostava de escrever
escreveu seu testamento e deixou dentro de uma pasta de couro bonita
onde todos sabiam que guardava seus documentos mais importantes.
E teve o cuidado de alertar alguns familiares mais próximos sobre a
existência do Testamento ( a letra maiúscula é para dar um toque solene ),
e assim estava escrito:
" Favor me colocar em um caixão bem simples, pois não faz sentido, se
gastar com um morto enquanto tem tanto vivo passando fome; meu violão,
meu fusca, minhas roupas, enfim , todos os meus pertences devem ser
vendidos e depois de descontarem as despesas fúnebres , entreguem o que
restou (que sei que não será muito , pois, nesse mundo capitalista de tudo se tira
lucro) para alguma casa de caridade séria. Guardar coisas de gente morto só traz
mais sofrimento. Guardem somente os momentos bons que vivemos juntos e
esqueçam os maus; e para finalizar, espalhem meus poemas e canções para o
vento e se possível queimem "meu corpo" e depositem as cinzas ao pé de um
Ipê amarelo( mas se isso ficar caro, esqueçam) . E saibam que estou vigiando
tudo sentado em alguma estrela . "