SÃO SEBASTIÃO DO PASSÉ
SÃO SEBASTIÃO DO PASSÉ
[Castro Rosas]
Permitam me apresentar: sou Sílvio Rogério Castro Rosas, filho terceiro de Benedito Rosas (em memoriam) e Ruth Capinan Rosas (em memoriam).
Por três vezes morei em São Sebastião do Passé. Essas idas e vindas se davam por conta da profissão do meu pai, funcionário da Petrobras.
Alto do São Roque, Eutique de Lima e 12 de Outubro. A melhor lembrança que tenho é dos anos 70. Nessa época fiquei conhecido pelo apelido de Sorongo. Quero contar um pouco dessa história.
Residia na Rua 12 de Outubro, no centro da cidade. A casa se localizava em frente à concha acústica. Meu pai era um apaixonado pela música, tanto que, quando estava de folga, gostava de ouvir melodias durante todo o dia na sua radiola Tele União. Empilhava de cinco a oito discos com ritmos variados, predominando o bolero e o ritmo mexicano. Ele postava-se na janela para observar a rua, correspondendo aos comprimentos de quem passava.
Fiz o curso primário na escola da Petrobras, localizada na praça principal. Fui aluno da primeira turma do Colégio Polivalente; às vezes me pego lembrando meus bons mestres – Adilson, Carlos, Falcão, só para citar alguns. Nadir Santana, professora de português, foi quem leu meus primeiros poemas. Devo a ela não ter deixado de escrever.
A bem saber de todos, São Sebastião do Passé é uma cidade que, apesar de estar próximo à capital da Bahia, Salvador, nenhuma opção oferecia para se fazer um curso universitário. Sem contar que o ponto alto do lazer era um passeio no domingo à noite na praça principal. (Nessa época a fonte luminosa era o maior atrativo e o ponto alto dos nossos encontros.) Noite alegre e festiva de domingo.
A mudança de rotina acontecia quando tinha baile no Club ADVC (Associação Desportiva Verá Cruz) animado pelo conjunto Geminni 7. A sensação da festa era quando o vocalista Chico cantava músicas de Caetano Veloso; os hits internacionais ficavam por conta da voz de Bira. Eu sempre emprestava discos para o ensaio da banda. Outra boa lembrança é o cinema, com a programação de filmes épicos e de faroeste. O público gostava quando o filme tinha cenas eróticas.
A festa de São João – tão fraterna quanto receptiva e com a fogueira na porta de casa – era a certeza de poder chegar e perguntar: “São João passou por aqui?” E todos eram convidados a entrar e se servir das variedades dos pratos da época.
Quando completei 19 anos, escolhi morar com minha mãe, deixando para trás uma história que hoje conto aos meus filhos e amigos. Sinto quanto foi bom ter amigos como Fominha, Baê, Ricardinho, Guilherme, Evandro, Tutuca, Pinho, Tornado, Santo Amaro, Sílvio Coqueiro, Babau, Pinto (responsável pelo apelido Sorongo), Agenor, Nelsinho, Bréu, Butheco, Gonzaga, Canela, Valmira (minha primeira namorada), Nilcelia, Zenaide, Simiana, Angélica, Neuza, Ângela, Zenaide, Keka, Delma e Epaminondas. Nossa top model era Rosilda, menina de traços perfeitos e harmoniosos, não perdia um Concurso de Miss.
Informo que os amigos não citados aqui, por questão de espaço, vivem nas melhores lembranças que têm me visitado todos os dias desses 50 anos ausentes desta boa terra. Saudade boa que não tem preço, tem a sensação boa de pertencimento renovado diariamente...
Atuei como goleiro no Galícia de Joílson e Flamengo de Baê. Minha carreira de jogador teve um breve e curto espaço de tempo que valeu a pena por ter sido tão participativo e festivo compartilhado com os amigos.
Atualmente resido em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia, e possuo um pequeno negócio na área comercial – ramo de eletroeletrônicos. Sou membro-fundador da ATL Academia Teixeirense de Letras, ocupando a Cadeira 08, tendo como patrono o saudoso Amazias Barreto de Morais. Sou autor de alguns livros de poemas como, por exemplo, “Prelúdio para Elis”, “Lembranças” e “Eu e Meus Eus”.