Na gala

Você estava "aprontado", como meu avô te disse aquela vez. É curioso como chegamos a esse nível de intimidade e hoje você nem olha mais na minha cara. Não vou me isentar da culpa, sabe, como fazem garotinhas, eu sei que somos crescidos... Mas, cara, você entrou na minha casa, conheceu a minha família e depois de tudo deixou até de me cumprimentar? Me sinto muito mal com isso.

Hoje você estava trabalhado no príncipe encantado que eu sonhava quando menina. Na gala, na sua personalidade, na sua certeza de que já foi. Na sua insensibilidade com os meus sonhos. Os nossos e os daquela garotinha, do conto de fada, da Rapunzel, da menina apaixonada que não se contentava com um "não".

Ainda me dói muito esse apego que tenho ao nosso fim. Fim de algo que eu criei, na verdade. E que eu destruí. Me culpei muito e muito me custou para que eu me perdoasse. E agora você me vem com essa? Me sinto deslocada da realidade, como se acreditasse em algo que é verdade somente para mim.

Você cresce, vira homem, amadurece e eu... Haha, não me desapego do passado. Guardo ele no bolso com todo o cuidado, eu sei! Eu sei! É errado, eu sei! Mas, cara... Eu me apaixonei por você. De verdade, eu estou doente. Estou loucamente apaixonada por você. Fixada, amarrada, estrangulada por te querer. Quero que você seja feliz. Mas pra isso você precisa ir, porque eu não consigo ser feliz com você aqui.

Não faça mais isso, por favor... Não seja mais o meu amor.

vtesp
Enviado por vtesp em 27/03/2023
Código do texto: T7750282
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