É sempre mais fácil jogar a culpa no outro
Parafraseando o gênio Raul Seixas, percebemos, e vivenciamos, que é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro; assim vivemos, e alimentamos, um ciclo infinito de mentiras e hipocrisias.
O grande agricultor transporta sua safra em carretas carregadas com pesos muito acima dos permitidos por lei e suportados pelas rodovias, mas culpa os governantes pelo péssimo estado das vias, como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre os danos.
O empresário sonega impostos, vendendo sem nota fiscal, entretanto, reclama dos partidos políticos que praticam o famoso "caixa dois".
Deixamos para estudar para uma prova, anunciada há semanas, na última hora, mas culpamos o professor por ter aplicado um teste muito difícil.
A classe média consome drogas ilícitas, e transfere a responsabilidade pela violência para o traficante de drogas, morador das favelas.
O jogador de futebol que, derrotado em uma partida, culpa o gramado, a bola ou a altitude pelo seu insucesso.
A igreja que desviou de sua missão e de sua função e acusa o ex-fiel de ter abandonado a fé, quando deixa de frequentar seus cultos.
O estuprador que violentou a moça porque ela estava vestida com roupa decotada e sensual.
O político que luta para vencer uma eleição e, quando assume o cargo e não obtém sucesso, afirma que não cumpriu o que prometeu por culpa de seu antecessor.
E assim o mundo continua a girar, nós continuamos a lutar para enganar nossas consciências, transferindo as nossas responsabilidades por nossos fracassos e derrotas para outras pessoas ou situações.