CRÔNICA – Redescobrindo a vida – 27.03.2023 (PRL)
CRÔNICA – Redescobrindo a vida – 27.03.2023 (PRL)
Havia tempo, desde a infausta partida de minha Jane, que não saía de casa. Nada me convencia de fazê-lo, estava recolhido a minha insignificância.
E o tempo foi passando, e já com sete meses da ocorrência, quando ontem fui surpreendido por duas de minhas filhas, a Sandra e a Úrsula, meninas de uma beleza que encanta. Pensei que queriam tomar o café da manhã comigo, todavia a conversa foi outra.
O dia amanhecera sem indícios de chuvas por estas bandas do Recife, e o sol já apontava poderoso. Pois bem, as meninas tanto que fizeram que me convenceram a sair, dar um passeio, que até eu já havia me esquecido dessas coisas.
E a Úrsula no volante – vai dirigir bem assim na casa de Noca! --, foi tomando o rumo do interior, em direção a uma das melhores praias do Brasil, a tal “Porto de Galinhas”, no município de Ipojuca, hoje um grande sucesso em termos nacionais e até de fora do país. A aproximadamente 70 km da capital, esse recanto tornou-se conhecido com esse nome, em face de ser o local em que os escravos eram desembarcados para o comércio, numa época negra para o nosso brasão...mas isso é outra história.
Finalmente, chegamos, uma hora batida de viagem. Era por volta das 10.00 horas. Na praia, pouca gente, embora o movimento ao redor já se prenunciava como gigantesco. Turistas de todas as partes do globo passeavam pela avenida principal a tirar fotografias de lindas mulheres que os acompanhavam...e nós seguíamos em direção à praia.
Estabelecemo-nos num pequeno restaurante bem na beira daquele mar azul, repleto de jangadas antigas da lavra de velhos e experientes pescadores. De sorte que nos acomodamos. O local era separado das milhares de barracas, que começaram a ser colocadas, e onde certamente ficariam os visitantes, até que a Úrsula deu a última palavra: "Vamos descer, meu pai prefere lá em baixo!”. Realmente, eu queria ver as garotas passar bem ali pertinho de mim, até porque precisava sentir o cheiro de alguma alma feminina...pelo menos isso!
Fui um sucesso. Uma cerveja aqui outra acolá, de maneira que perdi o meu acanhamento, quem sabe a prática! Ao nosso lado, uma senhora lindíssima, acompanhada de seu marido, um Oficial Coronel da Aeronáutica, já na reserva, com quem estabelecemos um bate-papo saboroso, um cidadão do bem que, aliás, me contou sobre o posicionamento dos militares na recente crise porque atravessou a nação, mas isso também é outra conversa...
Até que, para minha surpresa, passam duas gatas bem pertinho de mim, e consigo captar o que a mais bem vivida falava pra mais nova, acho que sua filha: “Veja que coroa lindo, cabeça grisalha, penso que seja algum turista das bandas de Santa Catarina, mas está acompanhado, certamente com a esposa e uma filha!”. As meninas parece que notaram a ocorrência, e assim para tentar contribuir, resolveram cair na água e tomar um banho de mar.
Nessas alturas não havia mais lugar na beira-mar para barraca alguma, a praia estava infestada de gente, feito um gigantesco cardume. Minhas filhas demoraram um tempinho, bateram fotos em cima das jangadas, uma festa. Retornaram, mas as duas belas senhoras (mãe e filha) que haviam gostado do coroa, que esperava revê-las, abriram o chão e se encantaram. E fomos levando o restinho da tarde na base da cerveja e do peixe assado muito saboroso, até que decidimos retornar por volta das 16 horas.
Foi assim um dia diferente, que me fez pensar ainda estou vivinho da silva, mas em nenhum momento me esqueci da minha velha.
Fico por aqui.
SilvaGusmão
Foto: Internet/GOOGLE