"Homem jovem aos 70"
A Morte, como um destino, revela que a Vida de cada um é única, insubstituível e não se repete,pessoal. Recebendo uma notícia triste,sobre o falecimento de um professor,meu amigo, homem jovem aos 70.Para distrair pensei em colocar as ideias no lugar,discorrendo sobre o assunto. Este encontro com o destino da finitude e da irrepetibilidade convoca a responsabilidade do homem frente ao seu existir,não é vero? E a responsabilidade, a capacidade de responder por sua vida única diante o horizonte da finitude, anuncia a liberdade de escolher as posições perante esta fundamental determinação da Morte. Arrepia-me ao falar nela,mesmo sabendo que nossa Vida é o agora, daqui a segundos a Deus pertence! Assim, finitude, destino, irrepetibilidade, responsabilidade e liberdade se unem em uma lógica circular em que a finitude é o ponto de partida e de chegada. Ela convoca a responsabilidade e demanda do indivíduo, a uma capacidade de responder que se fundamenta na liberdade de escolhas diante das determinações, escolhas que se referem a posições tomadas ante as determinações biopsicossociais do existir, e que se refletem na forma de o sujeito existir e do morrer. Século XX, foi uma época em que valorizava a efemeridade, o presente, e que, nessa perspectiva, os idosos não teriam utilidade,haja vista,muitos hospitais no auge da pandemia deixavam de entubar o idosos,com a narrativa de que, velho ja´ viveu,dando preferência ao jovem acometido. Em contraposição a esta ideia, existe uma relação, um laço que vincula o idoso com nossa juventude, porque aquele representa o “patrimônio do passado” que lança luz sobre nossa própria vida presente e futura. Outro ponto radical se refere ao diagnóstico de nossa época como a era do vazio existencial e da falta de sentido. Sobre esse tema, podemos fazer duas considerações: primeiro, que a narrativa da história do idoso pode apresentar uma possibilidade de direção e sentido para mundo atual; e, segundo, que o sintoma social da falta de sentido somado ao não valor atribuído ao idoso pode colocar este sujeito em uma condição de maior vulnerabilidade no que tange à construção de novos sentidos.(Nossos gestores não os valorizam)
O envelhecimento aumenta a responsabilidade sobre o nosso posicionamento em relação ao tempo. Como habitamos o tempo? Somos seres históricos, e o que nos permite existir é a conexão com o outro que se localiza no tempo, o qual, portanto, não é nosso inimigo. O tempo, a história e a memória oferecem a substância da existência. O fluir do tempo, ou seja, a percepção do passado e a aposta no futuro, torna a vida realizável, e toda essa dinâmica só é possível no enlaçamento com o outro,seja com os novos ou com seus velhos pares!