Purpurinas

Fui mãe aos 17, depois aos 21 e por último aos 28 anos.

Em todas as vezes foi assustador, foi legal, foi desesperador, foi enternecedor, foi... uma montanha-russa de emoções.

Algumas vezes eu chorei ao pensar que dali a pouco ia anoitecer e que eu ficaria a noite toda amamentando e lidando com fraldas de cocô, choro incompreensível, chuquinhas de chá de funcho e lutando contra o meu sono que não poderia me derrubar, enquanto minhas amigas estariam na rua, livres, leves e soltas, "curtindo a vida".

Em todas as vezes eu chorei ao ouvir o primeiro "mamã", que poderia muito bem ser apenas um balbucio.

Eu sempre vibrei ao ver um primeiro dentinho apontando.

Por todos os meus filhos eu me senti orgulhosa ao ouvir elogios, quer fossem pelo "gracinha dela/dele", pelo "como seus meninos são educados" ou pelo "tão pequenininha e já sabe falar inglês!".

Eu sempre me senti impotente e angustiada a cada "dodói", aos mesmo tempo em que precisava transparecer uma força e uma confiança danada para que, mesmo chorando, minhas crias se sentissem corajosas e acreditassem de verdade em mim quando eu dissesse "vai ser só uma picadinha".

O tempo foi passando e pouco a pouco, como disseram uns poetas amigos meus, "nossas crianças viraram gente"

E eu ainda choro, me assusto, me enterneço, me angustio e me orgulho.

Ah, eu me orgulho! Como eu me orgulho! Da força, da coragem, da doçura, do amor e da empatia que esses meninos carregam em si. É, porque eles são assim: defendem com garra os amigos, acolhem com rapidez quem precisa de algum socorro, cuidam dos outros, cuidam uns dos outros, se amam loucamente, amam muito os outros irmãos, adotam "tios, avós, sobrinhos e primos" e os tornam membros da família, brilham - e como brilham - em suas profissões, são exemplos de bom caráter, cuidam muito bem de mim e me protegem e me apoiam em todas as minhas decisões.

Eles purpurinam minha vida.

Eu me lembro, relembro, me emociono, me arrependo da minha braveza na infância deles, conto, reconto, faço noves fora e tudo se resulta em "começaria tudo outra vez".

Ah, e mais uma coisa que me faz explodir de orgulho: pensa num trio bonito!!!

Uberaba- MG

09.05.21

Desirée Santiago
Enviado por Desirée Santiago em 24/03/2023
Reeditado em 15/10/2023
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