A solidão de Sailor Moon bem expressa nesta magnífica imagem de "Sailor Moon Cosmos": reparem nas grandes asas emplumadas de anjo, que surgem na sua transformação mais avançada.

 

"Sua batalha solitária começa"

 

“SUA BATALHA SOLITÁRIA COMEÇA”

Miguel Carqueija

 

“Se eu não fosse uma “sailor” guerreira... os meus amigos teriam me dado a mão?”

(Sailor Moon)

 

Os “moonies”, ou seja, os fãs de Sailor Moon, acompanham com vivo interesse as notícias sobre o próximo lançamento do segundo épico duplo da personagem, “Sailor Moon Cosmos”, que segue “Sailor Moon Eternal” que a Toei lançou em 2021.

“Sailor Moon Cosmos” está com o lançamento mundial previsto para junho: a primeira parte dia 9, a segunda dia 30.

Usagi Tsukino (ou Serena Tsukino nas versões norte-americana, mexicana e brasileira, ou Bunny Tsukino na Itália), ou seja, a Sailor Moon (Navegante da Lua), também conhecida como a Princesa da Lua Branca e a Guerreira do Amor e da Justiça, foi criada no Japão em 1991 pela mangaká Naoko Takeushi, sendo o eixo de uma formidável saga de fantasia. O mangá de Sailor Moon e o introdutório de Sailor Vênus (Sailor V) desenvolveu-se ao longo da década de 1990. Também foi produzido entre 1992 e 1997 o seriado de animação para tv, num total de 200 episódios e três filmes de longa-metragem além de um especial da Sailor Mercúrio.

A saga se desenrola em cinco arcos (fora o arco introdutório de Sailor V) e algumas histórias paralelas.

Na primeira década do século 21 foi produzida uma série de tv em imagem real, limitada porém ao primeiro arco.

A partir de 2014 a Toei resolveu produzir uma nova série em animação, mas sem as liberdades ou o caráter mais infantil do primeiro seriado. Ou seja, a ideia é acompanhar mais de perto o mangá em suas situações e densidade. Assim os três primeiros arcos (Reino Escuro, Lua Negra e Infinito) geraram três temporadas cada uma com 13 episódios. Para a quarta e a quinta temporadas a Toei decidiu produzir dois épicos duplos longos para os cinemas. Assim o arco Sonhos gerou “Sailor Moon Eternal” e o arco final, Estrelas, vem agora em “Sailor Moon Cosmos”, pela primeira vez em cinema de longa-metragem.

 

Somente anjos podem lutar com demônios...

 

A densidade do enredo, que fala em amor e na luta entre o Bem e o Mal, é surpreendente. “Sailor Moon Cosmos” é o ápice da saga da Princesa da Lua, trazendo uma situação emocionante.

A Terra em caos. Uma poderosa força alienígena, a Sombra Galática, penetrou em nosso mundo chefiada por Galáxia, a Rainha Dourada, uma implacável inimiga que se veste de ouro, como um símbolo da ganância e do materialismo. Ela na verdade está compactuada ao demônio do Caos,que seria o mais poderoso dos demônios, o que equivale a Lúcifer ou satanás da teologia cristã.

Para verem que existe base nessa analogia, vejam o que diz Dom Cipriano Chagas OSB em seu livro “Os acontecimentos finais”:

 

“Ele é o príncipe das trevas e as estrelas lhe são odiosas, pois dão luz e são testemunhas da ordem cósmica. Satanás ama as trevas e o caos, a desordem. É o corruptor do mundo.”

 

Não é portanto por mero acaso que a Princesa da Lua é aqui apresentada com o título “Sailor Moon Cosmos”, pois Cosmos é a ordem divina, que ela defende, enquanto Caos é a desordem diabólica.

 

A Rainha Dourada (Galáxia) traz o Caos à Terra.

 

Galáxia, por sua vez, é a antiga Sailor Galáxia, por suposto a mais poderosa “sailor” planetária mas que se corrompeu e renegou seu título de sailor guardiã e jogou fora sua semente estelar (a estrelinha etérea que as guardiães carregam em seus corpos). Apesar de tudo Galáxia ama a luz, mas só se for para ela (“Somente eu tenho o direito de brilhar”) e seu objetivo é destruir Sailor Moon, apossando-se de sua semente estelar (tida como a mais brilhante do universo) e do Sagrado Cristal de Prata, a arma divina que Sailor Moon porta.

Note-se que, embora o Mal venha com todo o seu poder, Sailor Moon não perde a esperança:

 

“Eu acredito que haverá um futuro para todos nós.”

 

Protegendo Luna, Artemis e Diana, os gatos originários do Reino Lunar.

 

O que torna “Sailor Moon Cosmos” um filme especial em sua mensagem e dramaticidade é o fato terrível de que a heroína será obrigada a lutar sozinha, pois, por razões que não quero antecipar, já não pode contar com nenhum dos aliados que a auxiliaram nos arcos anteriores. Por isso, na primeira vinheta da propaganda oficial da nova produção, vem a frase: “Sua batalha solitária começa”.

A própria expressão fisionômica da heroína mostra o quanto o drama atinge a sua alma: uma face de dor e compenetração no que deve fazer, de compreensão de todo o significado estarrecedor do que está acontecendo no planeta. E da responsabilidade que pesa em seus ombros aparentemente frágeis.

Clifford D. Simak, conhecido escritor norte-americano de ficção científica, que viveu no século passado, em sua genial novela “Último Gentleman” fala algo que se pode aplicar à situação vivida pela Princesa:

 

“A marca de excelência do destino pode, em dado momento, repousar nas mãos de uma única pessoa. Se esta pessoa falhar, o mundo poderá se perder.”

 

Eis o drama de Sailor Moon.

Ela não pode falhar, porque não pode perder. Se Sailor Moon perder, a Terra e a Humanidade serão entregues ao poder das Trevas.

 

“Existem certas coisas que só eu posso fazer.”

 

Anjo versus demônio: até que ponto isto é ficção? 

 

O caos se espalhando no mundo e Sailor Moon chamando o poder da Luz: um pequeno fanfilme norte-americano, ou seja um filme (no caso um filmete com menos de dois minutos) feito por fãs, "Chaos in Earth" (Caos na Terra), este de 2004, mostra a situação:

 

https://youtu.be/exQtt65UIak

 

Abaixo a primeira vinheta oficial, legendada, de "Sailor Moon Cosmos", trazendo as reflexões intimistas da heroína:

 

https://youtu.be/1NACpG5cxhk