OMISSÃO SOCIAL

Eu sei que algumas pessoas ,inclusive que eu conheço, dificilmente usam as pernas para se locomover, pois dirigem e vão a todo lugar usando seu veiculo. Muitos não conseguem andar com as pernas nem 500 metros, tem que usar o carro. É o que se vê acontecer. Mas existe uma quantidade maior( ou a maioria ) de pessoas que se locomovem usando as pernas e grande parte dessas pessoas não recebe salário suficiente que lhe permita adquirir um veiculo automotor .Então, a maioria da população usa as pernas , é uma lógica não difícil de entender e constatar. Essas pessoas estão vulneráveis aos arroubos de velocidade não só dos veículos motorizados como de ciclistas e motoqueiros

Estamos em um sinal esperando para atravessar a rua e quando vamos começar a atravessar no sinal apropriado para nós, um ciclista vem em sentido contrário. Eu já quase fui atropelada assim. Precisamos ter um sexto sentido bem alerta para detectar esses malucos ciclistas que por não estarem dirigindo veiculo de motor parecem entender que uma batida deles no corpo humano não doe ,que seus veiculos são de isopor ou de algodão.

E não há interesse das autoridades em fazer regras para esses condutores. Em algumas cidade vemos as tais ciclovias mas elas se detém aos centros mais movimentados, não são construídas em bairros, principalmente da periferia, do suburbio

Eu estava em Sampa em uma ocasião e um grupo de ciclistas estava odiando que o Prefeito da época estava construindo ciclovias.

Eu me locomovo com minhas pernas a maior parte do tempo, moro em um bairro suburbano que é quase independente, tem de tudo, uma pequena cidade e esse lance de ter que se preocupar com o ciclista na contra mão é rotineiro, cotidiano.

Além dos ciclistas precisamos nos preocupar também com os Motoqueiros que insistem em tratar a calçada como sucursal da rua . E sem dar alerta, sem nenhum toque de buzina, de repente ,estão quase passando por cima da gente.

Eu me locomovo pela mesma calçada há anos, fazendo o mesmo percurso diariamente e posso afirmar que não há um dia em que não me sinta ameaçada por esses condutores.

Conhecidos meus que fazem parte do primeiro grupo citado no texto ,quando eu comento essas atitudes de condutores, dizem logo assim:" Por isso que eu prefiro vir de carro".

Justificativas como essa são uma demonstração do individualismo das pessoas, da falta de sentido de coletividade, afinal, essas pessoas que dirigem não compõem a maioria do povo das cidades. Mas individualismo, infelizmente, é uma doença que impede as pessoas de refletir sobre problemas sociais que momentaneamente podem até não afetá-las mas afeta a maioria.

Como ser humano e, por isso mesmo, exposta a todo e qualquer risco social, penso muito nessa realidade de omissão que percebo ( "Não é comigo, não me afeta") . e procuro me exorcizar de qualquer pensamento nessa direção, afinal, se não formos nós ,seres humanos, a questionar para tentar ,no mínimo, transformar determinadas situações prejudiciais a todos, quem o fará?

NINFEIA G
Enviado por NINFEIA G em 23/03/2023
Reeditado em 23/03/2023
Código do texto: T7747007
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