SANTO ANJO DO SENHOR MEU ...
"Santo Anjo do Senhor Meu ..."
(Vento Lusitano)
Quando meus passos conversam com minha paz em pleno período quaresmal, vejo lá nas lonjuras as razões de minhas saudades. Não demora as lentes das minhas emoções trás elas para bem junto de mim. Vislumbro um belo final de tarde, um campinho de futebol com uma bola ao centro a descansar rodeada por meninos sentados. Estão com os ouvidos afinados e olhos arregalados, trocam entre si estórias sobre o lobisomem paranaense aquele que invade o imaginário da quaresma. Aquele que dizem aparecer à noite durante toda a quaresma, principalmente na sexta-feira, nos dias de lua cheia, aquele que é assombroso, que é meio lobo e meio homem. Não demora todos vão para suas casas, eis que ninguém ousaria deixar à noite chegar sem estar em segurança. Já em casa as estórias não saem da cabeça, a coragem só se aflorava quando após o necessário banho, já alimentado, minha mãe reunia os filhos para a oração do Santo Anjo antes de deitar.
Pois é! Como que em um estalar de dedos, minhas lentes se retraem e às saudades retornam de onde vieram. Hoje pouco se fala do lobisomem da infância do folclore paranaense, em contrapartida, infelizmente, existem outros lobisomens bem mais realistas e assustadores que nós rondam o ano todo, continuam sendo menos homem e bem mais lobo. Mas continuo firme, continuo deles me protegendo com a mesma oração infantil que foi criada há mais de mil anos e que minha saudosa mãe me ensinou e que não se perdeu no tempo: “Santo Anjo do Senhor, Meu zeloso guardador, Se a ti me confiou à piedade divina, Sempre me rege, Me guarda, Me governa me ilumina. AMÉM!”