Cada louco com sua Maria
Eles não tinham nenhuma semelhança física. Não faziam parte do mesmo culto religioso; torciam por equipes esportivas diferentes; não tinham as mesmas preferência alcoólicas. Enfim, tinham tudo para não serem amigos. Mas eram. Em comum mesmo só o nome das esposas: Maria.
E toda sexta-feira à noite encontravam-se no clube em que eram sócios e não permitiam aproximações. E a conversa se prolongava até altas horas com risos. Do que riam? Ninguém sabia.
Certa ocasião, Maria, esposa de ‘A’ foi até o clube e com dedo em riste e fazendo menção ao relógio de pulso, conversou por oito prolongados minutos. ‘A’ não abriu a boca. Dias depois foi a vez de Maria esposa de ‘B’. Delicada nos gestos e aparentando calma, também travou conversa com o marido que, por sua vez, entregou-lhe a chave do carro. Por fim, Maria esposa de ‘C’ chegou pronta para matar. Vestindo vermelho e longo. ‘C’ lhe alcançou algumas notas de dinheiro sem fazer nenhuma objeção.
E voltavam à mesa sem dar a impressão de alguma anormalidade. E bebiam. E riam. Como nada é eterno, num prazo de 19 meses os maridos morreram. Outro detalhe: de causas diferentes. E as duas Marias não compareceram aos atos fúnebres. E as três continuam não se conhecendo.