Dia terrível
Como saber que um dia é terrível?
Quero dizer uma coisa simples: olhar assim um sábado tradicionalmente triste e verificar, de fato, sua gravidade, quanto será que nos custa?
Eu fiz a aposta, e perdi, como sempre.
Estou diante deste suco de limão aguado, desta Skol quase gelada, da salada dormida, e a pergunta persiste.
Muito difícil saber. Se me perguntassem a fórmula de Bhaskara, talvez eu soubesse. Mas a pergunta é outra, para a qual me falta a resposta.
Digo, com relativa lucidez, sou humildemente um homem triste. Já fui pior. Hoje eu bebo. Não sei se para o bem ou para o mal. De qualquer modo, tudo leva ao fim. Um fim que todos sabemos qual é.
Arrependimentos? Tenho muitos. Uma vez uma moça, desconhecida e talvez incólume, abriu um sorriso gigante para mim. Fingi não perceber. Mas a verdade é que até hoje sua magnífica arcada dentária está gravada em meu peito.
Este sábado terrível talvez não seja mal. Talvez seja apenas mais um sábado. Se eu apreender a olhar direito, talvez até reconheça nele um irmão.
Em síntese: a vida é triste, e este sábado terrível parece colaborar.