A INFLAÇÃO TAMBÉM CHEGOU NA MENDICÂNCIA

Há pouco tempo escrevi uma crônica cujo assunto era sobre uma pessoa que pedia esmola. Até aí nada de tanta importância se não fosse o modo como era feito o respectivo pedido: "Moço, dá 0,50 centavos". Acontece que, quando a pessoa lhe entregava 1 real e já ia saindo, sem esperar agradecimento, eis que o pedinte a chamava para lhe dar o "troco" e, concomitantemente, ao ouvir que podia ficar com ele, insistia para que a pessoa o recebesse, dizendo: "Moço, guarda e amanhã ou depois o senhor, se quiser, pode me dar e eu volto a lhe agradecer e desejar que Deus o abençoe".

Então, este foi um caso onde percebi uma mendicância consciente e até educada. Só que agora, com o passar do tempo, aliás, após alguns anos, por coincidência, desta vez nas proximidades da rua onde moro, eis que me deparei com uma pessoa que sempre a vi pedindo alguma coisa aos transeuntes. Aparentemente, pensei que fosse cigarro. Mas, me enganei. Desta vez, quando fui abordado ela me pediu acintosamente assim: "Moço, (me empresta) 2 real". Assim mesmo: "dois real" e não reais. Só lhe respondi que não tinha e, em seguida, ouvi um murmúrio como se fosse uma palavra de baixo calão. Da segunda fez que isto ocorreu, já não respondi nada, fingindo até que não tinha ouvido o absurdo pedido. Pois, mesmo ciente que nunca se deve julgar ninguém pela aparência, só alguém desprovido de sã consciência duvidará que aquela pessoa está pedindo aquele dinheiro para comprar cigarro ou juntar para comprar algo mais ilícito ainda. Pra comprar pão ou outra coisa para comer é que não é.

Depois deste episódio só fiquei pensando com os meus botões, aliás, sem botões mesmo, pois sempre uso camiseta, meu Deus, até os (falsos) mendigos aderiram à inflação! Salve-se quem puder!

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 18/03/2023
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