AA - É só hj sem elas

Sou daquelas pessoas que possui muitas fobias. Tenho fobias diversas, medo de altura, medo de aventuras, de monstros verdes, de anões de circo, mas nenhum supera meu medo de baratas. É insano, compulsivo e histérico. Um dos meus amigos afirma que "as baratas me conhecem e aquelas que sobreviveram a mim necessitam fazer terapia, além de serem ligeiramente surdas, devido aos meus gritos". Isso pode ser engraçado para você, mas para mim é coisa séria.

Já tentei me auto conscientizar de que ela é um ser muito menor do que eu, desprovido de inteligência, incapaz de me matar ou sequer lançar sapólio em meus olhos. Um ser muito menos do que eu em todos e quaisquer sentidos. Mas se essa idéia funciona para alguém, infelizmente, não funciona para mim. Para mim, toda essa racionalidade simplesmente não existe. Já cheguei a chorar e me descabelar por horas, porque havia baratas no mesmo ambiente que eu. E fico na dúvida sobre o que é pior: as baratas ou os olhares de desprezo que as pessoas fazem pelo meu choro e pânico. Sou do tipo de pessoa que muda de canal em comerciais de inseticidas porque não suporta assistir aquelas animações, de baratas, claro, que teoricamente deveriam ser divertidas, mas pra mim, é quase um pesadelo.

Quando vou matar um desses seres, eu espirro tanto veneno que, geralmente, elas ficam cobertas por uma espuma branca, ou seja, quantidade suficiente para me matar, eu, um ser humano de 1,65m de altura. E o que me impressiona é que geralmente elas, seres desprezíveis, não morrem! Podem até me chamar de exagerada, mas como posso não temer um inseto que sobreviveria a uma bomba nuclear e que tem a capacidade de sobreviver nove dias sem a cabeça? Não estou dizendo nove horas ou nove minutos, são nove dias! Se ela não é digna de seu medo, deveria ser digna, pelo menos, do seu respeito....

E por ter esse pânico inexplicável desse ser asqueroso, as coisas mais impressionantes relacionadas a baratas, acontecem comigo! A primeira experiência traumática, eu ainda era uma garotinha, foi com meus oito anos de idade. Era uma menininha que ainda não possui essa fobia, mas já possuía um certo medo, deveras acentuado, mas conseguia controlar o histerismo. Naquela manhã, eu, uma pobre garotinha, dormia tranqüila quando de repente senti algo pesado em meu queixo. Bem, o resto vocês já podem imaginar, lá estava ela, a barata, em meu rosto e tudo isso veio acompanhado a gritos, pânico e horror.

Convenhamos, para uma primeira experiência foi bastante forte, pois por menor que seja o seu medo de baratas, ou mesmo que você não as tema, eu posso apostar que ninguém gosta de ter uma barata fazendo um tour em seu rosto. Afinal, não defino essa caminhada com aquelas pernas peludas e ásperas, como um momento agradável. Depois desse pequeno incidente, o medo foi acentuando-se, e, durante minha vida outros momentos fatídicos aconteceram.

Essa semana foi o mais recente e, por isso, decidi escrever sobre o assunto. Eu precisava tornar essa angustia pública.

Eu estava em meu quarto, já era noite, e assistia minha TV, e, acreditem, estava passando um documentário daqueles que não têm o menor motivo de serem feitos, sobre escorpiões e nada mais nada menos sobre elas, as temidas baratas. Conseguia assistir sobre os escorpiões, mas quando aparecia sobre as minhas mortais inimigas, eu rapidamente mudava de canal, soltava um grunhido de horror e sentia meu coração bater no meu peito, foi assim até que desisti, porque aquilo não estava me fazendo bem. Confesso que dormi um pouco aflita.

Foi então, enquanto dormia tão angelicalmente, que de repente senti algo andando em minha mão direita, quando dei por mim, eu já estava em pé ascendendo a luz. E foi quando houve luz, que a vi. Lá estava ela, sobre a minha cama, negra, asquerosa e tão esperta, que mal pude vê-la correndo para trás da minha cama. Como vocês podem imaginar, é obvio, soltei um grito implorando para que minha pobre mãe, que dormia tão profundamente, me salvasse daquele monstro enorme e nojento. Ela, meio sonolenta, veio ver o que acontecia, às três e meia da manhã. Daí para frente foi quase uma hora, na saga da barata fugitiva, quase um spray inseticida inteiro, e um longo período de espera. Até que, eis que surge a bastarda descendo pelo guarda roupa, já não mais tão esperta, afinal, com aquela quantia de inseticida até eu estava ficando alucinada. Minha pobre mãe, com muita paciência, matou a bicha nojenta, enquanto eu chorava e me descabelava pensando que ela poderia ter andando pelo meu rosto, meus cabelos, e, quase em pânico, com ânsia de vomito, chorava compulsivamente. Dormi duas noites com minha mãe de tanto medo.

Para escrever esse texto tive que fazê-lo durante o dia, pois, se o fizesse durante a noite, com certeza seria uma noite de sono perdida, afinal não ia conseguir dormir pensando naquele ser desprezível. E carrego comigo, desde então, uma dor de cabeça constante, pois, coloquei tanta naftalina em meu quarto que estou sofrendo de intoxicação. Eu poderia desenvolver um câncer de pulmão com tanto veneno, mas te garanto que as baratas continuam tendo acesso livre. Minhas noites também não têm sido tranqüilas, mas tenho tentado superar, afinal, como dizem meus amigos do AA: é só hoje sem baratas.......

Ginasce
Enviado por Ginasce em 11/12/2007
Código do texto: T774214