Tipos Populares
NESTE meu exílio em Recife sinto muita saudade do interior. Sou com muito orgulho um matuto. Diz meu neto que gosto até do que não presta no interior. Exagero? Nem tanto. Tem certa dose de sentido. Não há um só dia que não me recorde da minha vida no interior. Dentre as recordações uma é minha preferida: os tipos populares. Juro. Não vou dissertar descrendo alguns deles, mas apenas transcrever o que escrevi sobre o assunto há mais de 30 anos:
“Os tipos populares são a alma de um povo, o sal da terra, a alegria do lugar. São eles que afastam o tédio e marcam nossa paisagem com um pouco de humor é verdade. Uma comunidade que não tenha o seu aliado irreverente, o se bêbado inoportuno é engraçado, o seu pederasta escrachado, a sua prostituta escandalosa e da rede rasgada, o seu fascista de carteirinha, o seu comunista radical, o seu literato amostrado, a sua comadre fofoqueira, o seu coronel reacionário, a sua barata de igreja, enfim, os tipos folclóricos, não é uma comunidade, mas um ajuntamento de aventureiros sem história e sem raízes, um lugar muito chato”.
Concordo que há expressões politicamente incorretas. Assumo, não tiro uma vírgula. William Porto. Inté.