MONUMENTOS DEPREDADOS

 

            O confrade Xico Nóbrega e diretor cultural do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG) escreveu crônica denunciando a depredação do túmulo do saudoso Rosil Cavalcanti, patrono da Cadeira que ocupa no IHCG e patrono da Cadeira 25 da Academia de Letras de Campina Grande (ALCG), ocupada pela confreira Mirtes Waleska Sulpino.

 

            O tema não é novo. No ano de 2005 eu já escrevia sobre isto, referindo-me aos monumentos da cidade. Em crônica sob o título Monumentos de Campina eu dizia que há tempos vinha observando que não se dava a atenção necessária àqueles monumentos. Além da depredação física feita por vândalos e da poluição visual produzida por pichadores, as placas eram e ainda são arrancadas e jamais reconstituídas. As placas de bronze, as mais atacadas pelos depredadores, vinham sendo substituídas por placas de inox, que também já não se mantêm por muito tempo onde são colocadas.

 

            As placas dos monumentos da Praça Clementino Procópio, do Parque do Povo, da Praça do Rosário, da Maçonaria no entroncamento das ruas Vidal de Negreiros e João da Mata, há muito que foram arrancadas e jamais repostas. Os próprios monumentos acham-se danificados. A efígie de Raimundo Asfora, colocada à entrada da cidade, foi de lá retirada há anos e não foi recolocada em lugar algum. A estátua da Samaritana que existia na Praça da Bandeira, também não se sabe do seu destino. E tantas outras mais que, decerto, se acham em idênticas situações.

 

           Vale lembrar que os monumentos são registros que perpetuam a história da cidade, das suas conquistas, dos seus grandes vultos. Não somente embelezam as vias públicas e urbanizam os locais, mas transmitem ensinamentos e solidificam a cultura do seu povo. Muitos deles são construídos pelo Poder Público e outros por iniciativa de particulares ou de entidades privadas, mas em todos eles o que se vê costumeiramente é o descaso, refletido na falta de limpeza e de manutenção, na dilapidação e nos furtos de suas placas registradoras.

 

          Diferentemente da Europa, onde pela sua formação educacional e cultural lá as pessoas preservam os seus monumentos históricos, aqui no Brasil se dá o contrário. Há um prazer insano na destruição do que é público e do que é privado, como mostra agora o nosso confrade Xico Nóbrega com o túmulo de Rosil Cavalcanti. Outros túmulos nos cemitérios de Campina Grande se acham em idênticas situações. As autoridades municipais devem olhar para esses casos, aumentando a vigilância nos cemitérios e monitorando os monumentos na cidade, tanto física quanto virtualmente, impedindo que o vandalismo haja sem sofrer punições.

 

          É uma questão apenas de decisão administrativa e de uma ação política voltada para o resgate da história da cidade. A preservação de nossos monumentos além de  embelezar a via pública e de favorecer as aulas práticas de história ministradas em nossas escolas públicas e privadas propicia, inclusive, a formação de roteiros turísticos, implementando mais uma atividade cultural e econômica, destinada a todos aqueles que nos visitam, especialmente por ocasião das festividades juninas e do ecumenismo espiritual nas épocas carnavalesca e natalina.

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 17/03/2023
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