Amazonas e Roxinho
Roxinho e Amazonas
Neste último domingo, no almoço na casa de minha mãe, nas nossas conversas, eu, minha mãe e outros irmãos. Como sempre, falávamos de múltiplos assuntos, do presente e do passado, de coisas alegres e não alegres. Eis que surge o assunto já tratado por mim, sobre a diferença de agora e do que já foi, o bairro rural Barra, lá da nossa cidade de origem, local que passei recentemente e não reconheci, dado o abandono e por não mais existirem as casas de morada que muito frequentamos em outros tempos. Dessa conversa me veio uma lembrança divertida, de um fato que envolveu a mim, minha irmã mais velha, a Amazonas e o Roxinho. Estando ali essa minha irmã, comecei a falar sobre o tal fato e de quantas gargalhadas ele me rendeu. Em 1970 minha irmã se casou, já morávamos na cidade grande, metrópole paulistana. Nos meses que antecederam o casamento, fui acompanhá-la na distribuição dos convites para os parentes na nossa cidade natal. Como já disse outras vezes, fui acostumado a cavalgar desde muito pequeno, aprendi bem essa arte, minha irmã não aprendeu. Para irmos até ao bairro da Barra, que era um tanto distante da cidade, fomos ao bairro rural Divisinha, onde nascemos, e pegamos emprestado de um tio muito querido, o casal de burros Amazonas e Roxinho, animais de lida, mas que também serviam para cavalgada, desde que se aceitasse a dureza desses animais, cujo caminhar está muito longe de uma marcha agradável. O Roxinho, burro de cor escura, era bem pior que a Amazonas nesse quesito, coisa bem conhecida e comentado por todos. Minha irmã logo disse: - Vou na Amazonas, o Roxinho é muito trotão. Concordei e assim fizemos, eu montei o Roxinho e ela a Amazonas, mula de cor avermelhada. Eram animais dóceis, não ofereciam perigo, além de uma cavalgada desagradável. Na minha experiência, sabia muito bem controlar a rédea e fazer o Roxinho caminhar com suavidade. Minha irmã, inexperiente, soltava a rédea e a Amazonas trotava feito pilão. Logo minha irmã começou a comparar e pediu para trocarmos, pois entendeu que no Roxinho se sairia melhor. A situação se inverteu, comigo a Amazonas ficou macia e com ela o Roxinho ficou livre para trotar à vontade. Quando entramos na Barra, propriedade do Sr. Manoel Alfredo, não havia cerca na beirada da estrada, o Roxinho num trote mais apressado, entrou pasto a dentro e minha irmã não sabia como conduzi-lo novamente para a estrada, parti atrás para ajudar e não tinha como não rir dos cabelos dela, que subiam e desciam no compasso do trote do Roxinho. Tudo voltou ao normal, o objetivo foi cumprido. No dia seguinte, minha irmã precisou de ajuda para se levantar da cama.