EM NOME DO SENHOR
Para ele a vida parecia não ter mais sentido. Havia perdido o emprego por causa do alcoolismo e sua única maneira de conseguir o sustento da família eram bicos que apareciam de vez em quando, quase sempre indicados por pessoas conhecidas a título de ajudá-lo na subsistência.
O problema é que invariavelmente o dinheiro obtido como pagamento de serviços realizados era convertido no custeio da bebida para saciar o vício. Assim, o pouco que restava mal dava para o sustento dos filhos.
A mulher lavava roupa de ganho, o que rendia míseros trocados e de vez em quando alguém apiedado pela penúria da família fornecia cesta básica. Assim iam passando os dias.
Certa manhã um grupo de evangélicos em visita a comunidade a despeito de levar a palavra de Deus como conforto espiritual chegou a casa de José. O mesmo não se encontrava pois estava realizando algum trabalho de ganho. Mesmo assim os evangélicos realizaram um culto naquele lar para a mulher e os meninos.
Naquela manhã cumpriram sua missão evangelizando pessoas da comunidade e quase por volta do meio dia retornavam aos seus lares quando na saída da comunidade depararam-se com José que retornava para casa cambaleando trôpego de embriaguês.
Ao vê-lo o pastor resolveu interpelá-lo na esperança de convencê-lo a deixar o vício e tornar-se um homem de bem.
Dispensando as irmãs da igreja que o acompanhavam o pastor aproximou -se de José que se apoiará em um poste a fim de tentar recuperar-se para seguir o rumo de casa.
O pastor aproximou-se e com a bíblia em uma das mãos levantada murmurou uma prece que José escutou em silêncio.
Em seguida o pastor ponderou:
- José, por que você vive assim? Deixe essa vida irmão. A bebida só lhe faz mal. A você e a sua família.
- Pastor, eu não tenho mais jeito. Não adianta. Respondeu José com voz embargada.
- Engano seu, José. Jesus não abandona seus filhos. Sempre há esperança. Basta você aceitar Jesus como seu salvador. Assim falou o pastor penalizado pela situação de José.
Continuando o pastor disse:
- Antes de voltar para casa vou escolher uma casa dessa rua para evangelizar as pessoas que nela estiverem com a palavra de Jesus. Venha comigo. Vai te fazer bem.
Tomado por alguma inexplicável sensação José resolveu acompanhar o pastor acompanhando-o em seu trabalho de evangelização.
Seguiram alguns metros pela rua quando o pastor parou e olhou para uma casa cujo portão da garagem encontrava-se entreaberta.
Resolveu então que seria aquela família, uma vez que aquele portão aberto era indicativo de que deveria ser naquela casa em que deveria realizar sua missão de levar a palavra de Jesus.
Aproximando-se do portão o pastor bateu palmas e gritou:
- Ôh! De casa!
Repetiu novamente:
- Ôh! De casa!
Como não aparecia ninguém, entendeu que deveriam estar na parte de trás da casa.
Adentraram alguns passos passando pelo portão e mais uma vez o pastor chamou:
- Ôh! De casa!
Nada. Ninguém respondia.
José ao lado do pastor notou que lá no fundo da garagem um enorme cachorro os observava em silêncio com as orelhas em pé.
Ao perceber que o cachorro avançou lentamente alguns passos, José alertou ao pastor sob o risco do ataque do animal.
Acelerando os passos o cão resolveu partir pra cima dos intrusos, ao que José apavorado gritou:
- Corre, pastor que o cachorro vem aí.
O pastor continuou onde estava levantando a bíblia com uma das mãos e vociferando com a outra mão apontada para o cachorro:
- Tá amarrado! Tá amarrado! Tá amarrado!
Vendo que o cão iria atacá-los, José puxou rapidamente o pastor para fora do portão dizendo:
- Tá amarrado nada, pastor. Tava era solto. Corre, pastor, corre.
José puxou o portão e os dois juntos saíram em uma carreira de fazer inveja a qualquer corredor.
Nesse dia a bebedeira do José curou rapidamente. Obra e graça do Senhor.