PERCEPÇÃO

Sentado neste banco da praça interajo com os passantes. Vejo a rotina dos transeuntes, algumas pessoas com pressa, outras nem tanto. Percebo em minha frente um jovem casal com um lindo bebê a colo, me parece sentir-se desconfortável. Talvez a alta temperatura esteja-o deixando inquieto, quem sabe bateu aquele soninho da tarde, ou somente um cansaço trivial de bebê. Diga-se normalmente, acontece quando ele não faz aquele descanso do meio-dia.

Percebo que o jovem que o mantém ao colo leva jeito para cuidá-lo. Creio ser o pai do mimoso bebê. A jovem, possivelmente sua mãe saiu a pouco a caminhar, talvez para providenciar uma água, um suco quem sabe, para o seu bebê “chorão”. O jovem caminhou em sentido contrário com seu bebê acalmando-se como num passe de mágica, imagino ser este seu desejo, afastar-se daquele lugar. Seria este, o motivo que tanto lhe afligia, a ponto de promover momentos chorosos, forçando o pai a deslocar-se para outro lugar? Mas bebês não decidem, ou decidem e nós pensamos ter o controle sobre eles? Estou em dúvida quanto a veracidade dos fatos. Nunca havia pensado nesta possibilidade.

A psicologia moderna nos diz para evitarmos de criarmos traumas em nossos bebês, porém devemos estar atentos para não ficarmos traumatizados com eles. Não seria uma troca de experiências a convivência com os nossos bebês? Uma relação ensino/aprendizado norteado de amor, compreensão, paciência? Eis a questão?

E o bebê da praça me pareceu feliz diante da atitude de seu pai caminhar pela praça sob a sombra das árvores que rodeiam o local e em especial o sombreiro da velha figueira, que por sinal é uma delícia ficar sentado neste banco observando o caminhar e os trejeitos de cada passante que neste momento circula o seu entorno. São doutores, trabalhadores, religiosos, prostitutas (os), pedintes, artistas, inclusive eu, debaixo da velha figueira, da moça faceira numa tarde fagueira, me vejo rabiscando palavras que formem frases que construa esta crônica.

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 18/02/21

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 14/03/2023
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