Ah, Saudade
ONTEM, depois de algum tempo, me reuni com dois irmãos e dois sobrinhos que também são exilados aqui no Recife. É claro que sentados numa mesa de um café, o papo só poderia girar em torno das nossas lembranças, saudades, reminiscências que nos fizerão marejar os olhos. Éramos exilados relembrando a pátria. Mas todos os cinco, mesmo admitindo ser sonho quase impossível, sonhando com a volta ao país da infância e adolescência.
Na verdade ninguém que tem sentimento esquece as suas raízes. A saudade não permite. Mesmo doendo, como é bom recordar. É como assistir a um filme antigo que adoramos. Conversando e lembrando chegamos a ver certas cenas.
Vamos repetir o encontro. É uma forma nossa afetividade, além de sonharmos voltar para a patriazinha querida.
Quando voltei para casa fui direto reler um trecho de um texto do saudoso Professor Potiguar Matos:
“Voltarei sempre a ti, o meu cansaço pede o teu ombro, a minha dor fica pequena em tuas mãos de fada. Voltarei sempre fechada a janela à poluição da angústia. É só posso te agradecer por tudo que me deste, o convívio com os amigos, teu sol branco, teus verdes, teu secreto encanto, tua mocidade perene”.
Ah, saudade. William Porto. Inté.