O PEDINTE
Francisco de Paula Melo Aguiar
Quem pede qualquer tipo de ajuda tem vergonha de dizer que recebeu...
Isso é próprio do ser humano, pagar solidariedade com o silêncio, vergonha e desconhecimento.
Uma certa vez, lá pela década de 70 do século XX, em noite de muita chuva, a maioria das ruas da cidade ainda era de chão batido, lama com força, uma escuridão de perder de vista...
Um cidadão procurou a casa do vereador do bairro, pedindo ajuda para levar sua esposa que estava em trabalho de parto...
Foi atendido in loco, o vereador foi acordado pelos pais, vestiu a roupa as pressas, tirou o carro da garagem, botou o cidadão dentro do carro e foi buscar e levar a esposa do mesmo para o hospital conhecido como Casa da Mãe Pobre.
Durante o percurso, a placenta estourou e o banco traseiro do carro serviu de mesa de parto...
No dia que a referida senhora recebeu alta hospitalar, o vereador foi novamente lembrado pelo referido cidadão para pegar a mulher e o filho no hospital e trazer para a casa dele.
O vereador ainda comprou a medicação passada pelo médico para a parturiente.
Passado um certo tempo, vieram as eleições municipais na cidade e a mãe do vereador encontrou na rua a referida senhora, aí pediu a ela um voto de confiança para que seu filho fosse reeleito vereador...
A mulher ex-parturiente disse em cima da buxa que não votava porque nenhum candidato nunca fez nenhum favor a ela e ou a sua família. Quem quiser ser grande com o voto dela, nasça no paú...
E disse mais que todos políticos são farinha do mesmo saco...
Esse é um testemunho da ingratidão da vida pública.
Durma e acorde com essa e muito mais, a falta de reconhecimento público ao político honesto.