UM FAVOR, UMA CALÚNIA
Em quase toda periferia sempre há uma rua onde existe um ponto para para vender droga. E a que eu moro tem uma tal destas biqueiras, onde a pessoa viciada enfia a mão pelo buraco de um muro, entregando o dinheiro correspondente ao valor da droga/maconha pretendida. É tudo muito rápido, mas mesmo assim, algumas vezes, tem até fila. Não importa o dia, a hora, o tempo etc. É um vício insaciável e inadiável. Toda esta anormalidade transcorre na maior tranquilidade. Com exceção quando surge algum carro da polícia no começo da rua e os olheiros, vigias imediatamente se escondem no interior do prédio, mas antes mandando quem estiver por perto disfarçar e deixar o local se não quiser ser abordado pelos homens da lei.
Mas, o que assunto que pretendo aqui abordar é sobre meu vizinho, um senhor ilibado e aposentado que diariamente vai fazer a sua caminhada, por recomendações médicas e certo dia, ao passar próximo deste ponto ilegal de venda de droga, o rapaz que estava na parte de cima do muro ao cair o seu isqueiro pediu que o meu vizinho o pegasse. Obviamente, ele não viu problema alguma em fazer aquele favor. Simplesmente pegou o objeto e entregou ao comparsa daquele rapaz que estava no térreo, por dentro do prédio e teve que enfiar a mão por aquele buraco em que os viciados o fazem para comprar as suas mercadorias ilícitas. Até aí, tudo bem se neste mesmo instante não passasse uma vizinha fofoqueira e presenciasse aquela cena que logo foi mal interpretada e espalhada como uma calúnia sem precedentes de que aquele meu vizinho estava comprando maconha/droga. Foi o mesmo que jogar fezes num ventilador. E apesar de se dizer que "só com o tempo a gente consegue esquecer as coisas ruins que acontecem", neste caso, simplesmente a tirou de foco, pois a reputação do meu vizinho ficou maculada para sempre. Durma-se com um barulho deste!