A Calvície Bandeirante, Missionária e Paraquedista.

Dentre a variedade inesgotável de calvícies que a natureza oferece aos seres humanos, há uma que, de tão inusitada, tão singular, merece estudo detalhado, que eu, por falta de conhecimento na área à tal questão associada, não empreendi, mas que pretendo, em me sobrando tempo, realizar, e de muito boa vontade, para o meu prazer e para a alegria da humanidade, que poderá entender o que se dá, no corpo dos machos da espécie humana, na superfície da estrutura blindada que lhes protege o apetrecho pensante. Trata-se daquela calvície que se concretiza com a ação lenta, e constante, e duradoura, de bandeirantes, de missionários e de paraquedistas.

É a cabeça dos machos da espécie humana uma floresta a se desbravar, e para desbravá-la, o que denota certo tempo, é indispensável a ação de pessoas bravas, muito bravas, dotadas de bravura indômita, de fereza psicológica, de resistências física e emocional incomparáveis, de pessoas, enfim, dispostas a encarar, e com denodo incomum, desafios incontáveis, inéditos, e ninguém melhor para executar tão desafiadora tarefa do que os homens habituados à refeição frugal, à escassez de comodidades, à vida dura, insuportável, de sacrifícios sem fim, habituados a comer o pão que o diabo amassou, a viver ao relento, sob sol escaldante e tempestades tais quais as que forçaram Noé a construir uma Arca, a afligi-los muriçocas, sapos, ratazanas, felinos, répteis, feras antediluvianas e monstros do Antigo Testamento. Contornando as frontes da floresta que é a cabeça do homem, avançam, pela direita, os missionários, e os bandeirantes pela esquerda; e simultaneamente, os paraquedistas saltam na, dela, coroa, e avançam a partir deste ponto, alargando-o. Não encontram obstáculos os bravos, bravíssimos heróis. Após décadas de avanço contínuo, ininterrupto, aos olhos de todos a devastação, a terra arrasada, e expostos os acidentes geográficos, alguns insuspeitos.

Se o leitor desconhecia a Calvície Bandeirante, Missionária e Paraquedista, a partir de agora, encerrada a leitura desta crônica, jamais poderá alegar ignorância a respeito.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 10/03/2023
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