Porque eu, Paula Coelho, detesto Paulo Coelho
Não! Não temos vínculos familiar. É apenas coincidência. Comecei a ler Paulo Coelho (PC) ainda no ginasial, com meus 15/16 anos por sugestão de uma prima mais velha. E o primeiro, como esquecer? - “O alquimista”.
Embora nem sempre mostrasse o que estava lendo, me sentia acima das demais; até sabia, pelo comportamento, quem leu ou estaria lendo PC. Quem o lia, pensava, tinha ares filosofais. Intelectuais. Acredita?
“Quando você quer (...) o universo conspira para que você realize seu desejo.” E a soberba foi comigo para a universidade. Eu era mais eu! Eu lia PC! Estou aqui porque acredito que “O universo conspira...”. E casei. Não era um príncipe encantado, mas de boa família, com futuro. E a faculdade de História ficou para mais tarde. Agora era a minha história. “O universo conspira...”.
Nove anos depois o alcoolismo lhe tomou as rédeas ao descobrir que sua mãe traíra seu pai por mais de 30 anos. Meu quase príncipe tinha até dúvida de sua paternidade. Fazem 23 anos que lhe acompanho toda sexta-feira ao AA dando-lhe forças. - “Por detrás da máscara de gelo que as pessoas usam, existe um coração de fogo”. Que fogo, PC?
Temos duas filhas. A mais nova nasceu com síndrome de Down e merece carinho dobrado. A mais velha é bem ‘pé no chão’, como se dizia antigamente, Quando, por motivo qualquer entramos em atrito, ela diz em tom de brincadeira: - Mãe, não vá buscar apoio em leituras de autoestima.
O que ela sabe sobre PC é que ele é o escritor brasileiro que mais vendeu livros no mundo. Para quem? Para jovens tipo eu que acreditava que, sentada, iria ser famosa e realizada. “O universo conspira...”.
Ah, sim! Ela é psicóloga e nunca leu (graças a Deus) PC. Ela é ‘pé no chão’. Não vai ser como a mãe que até os seus 25 anos escrevia nas contra capas de seus cadernos frases tipo: “O instante mágico nos dá um momento em que um ‘sim’ ou um ‘não’ (...)”. E se achava! - Vá à merda, PC.