Ri do rato
Suicídio é coisa séria!!!
Eu sei que é, por que até eu já passei por uma situação de desespero, depressão e com um final quase trágico. Fui salva por que meu pai chegou e me levou para um hospital.
Então, agora vocês já sabem, além de uma criança arteira fui uma adolescente problemática!!!
Mas não foi para contar este episódio triste de minha vida, que sentei aqui em frente ao meu amigo computador.
A história que vou contar é exagerada, cheia de percalços e mal entendidos que até a morte levaram.
Pode ter até certo humor negro, que hoje eu estou inspirada para isso. Calor de quarenta graus, ar condicionado estragado... Mas vamos lá não ta morto quem peleia!!! Ou tem sorte...
Tinha uma amiga, que me parecia perfeitamente normal. Tão normal quanto eu!!! Coitada...sei que não sou nada normal...rs....
Pois bem, um belo dia ela resolveu que ia se matar!! Pois é capote, acabar com sua raça.
Pensou em tomar ri do rato, conhecido remédio que acaba com as pragas roedoras. Imaginou que o gosto devia ser muito ruim, e queria tomar uma grande quantidade para que não restasse duvidas quanto ao resultado da obra.
Abacateiro no pátio, época de abacates!!! Mãos a obra!
Fez uma batida, ou vitamina, como preferirem. Misturou o ri do rato.
Cheirou, achou que estava bom, só tinha cheiro de abacate. Até que tinha uma boa aparência, geladinho e bem verdinho, estava doce é claro!
Porém achou que havia colocado pouco ri do rato, então decidiu dar um pouco para o cachorro da casa, um pastor alemão. Cachorro de grande porte, se ele não resistisse certamente ela também não iria.
O cachorro tomou tudo, feliz da vida, balançando o rabo satisfeito em ter algo diferente da usual ração.
Ela ficou na expectativa, só a observar.
O cachorro parecia o mesmo, nada de tremeliques, amolecimento de pernas, babas e ganidos. Achou que ia demorar um pouco para fazer efeito.
De súbito, achou melhor dar uma voltinha pela cidadezinha, visitar os seus lugares favoritos, quem sabe dar um último adeus à única amiga e ao safado do namorado que lhe dera um pé na bunda.
Guardou a vitamina na geladeira, queria conservar bem geladinha.
Deu uma volta rápida, coisa de trinta minutinhos, precisava voltar logo para olhar o Sultão.
Seu medo era ficar paralítica ou com alguma seqüela no cérebro (como se já não tivesse algumas, coitada), por isso contava que o cão já estivesse morto, se estivesse vivo e todo torto não tomaria o veneno.
E foi assim, que se sucedeu então: Encontrou o pobre Sultão , jogado no chão, olhos ainda esbugalhados, mas ,nem um suspiro no peito de cão.
Quando entrou na cozinha percebeu em choque o tio! Que era um folgado, daqueles que com certeza iria tomar a vitamina dos outros e ainda fazer cara de santo, no caso agora cara de morto! Cara de morto sim, por que ele estava pronto para servir num copo alto a deliciosa e mortífera vitamina!
Estabanada e afoita ela lhe deu um tapa, virando assim todo o creme verde dentro da pia.
Ele sem entender nada e achando que era mais uma mesquinhez e implicância da enervante adolescente saiu resmungando.
Ela achou melhor adiar o ato de morrer.
Tudo indicava que ia mesmo dar certo, a julgar pelo cão.
Mas também poderia ser um sinal o tio tentar se matar no lugar dela.
Melhor esperar mais um ou dois dias!!
Podia até ser que a vida melhorasse!!!! Ela achou.