Maju e seu chapéu
Era manhã de sol e a praia defronte ao bar, se apinhava gradualmente. Como era de costume, Maju saia cedo para pedalar. Em traje de banho encimado por um kaftan leve, compunha seu look praiano com seu chapéu espetacular.
Quem passava virava até o pescoço, só para não perder a cena graciosa que era ver Maju seguir esguia e despojada, pela avenida beira-mar.
A moça era bronzeada, cabelos cacheados, adornada com brincos de conchinhas e como disse, usava um belo chapéu de juta, palha ou algo similar.
Eu que sempre tive um fetiche por chapelaria arriscava classificar: Um Panamá ou Fedora, talvez Paris... Ou era tipo Boho? Concluí que era um desses praianos mesmo! Com uma faixa jeitosa e colorida que rodeava a copa, imprimia no figurino um glamour mágico e bem particular. Suas abas fartas escondiam um pouco dos seus olhos que eu, em vão, tentava imaginar. Seriam negros ou castanhos cor de mel? Quem sabe um dia eu pudesse mirá-los bem de perto... Doce ilusão de um sessentão!
A contragosto do garçom, que me contara o nome da garota em uma das vezes que veio limpar a mesa, eu continuava sentado em meu banquinho cativo na calçada do bar, disfarçando, com o periódico dominical e um pingado que ia bebendo devagar, a grande expectativa de vê-la mais uma vez a deslizar pelo asfalto, com sua fazenda esvoaçante, inundando o meu imaginário que se enchia de surpresa e alegria com a visão daquela feiticeira a cruzar a minha paisagem de sol e mar.