POR QUE A IGREJA SE CALOU? (parte 1)
“Para aqueles com estômago elitista,
lugar de peão é na fábrica produzindo,
alimentando a bomba do capitalismo!”
Passeando pelas ruas e ladeiras de Ouro Preto, mais uma vez
A contemplar suas antigas construções barrocas
Suas casas, igrejas, monumentos...
E ali a escrever em suas imagens... toda uma viva história
Entre personagens distintos... feita de heróis e vilões
E também de lendários nomes... e anônimos
E caminho a observar não somente com os meus olhos
Mas, também, com minha viva imaginação
Uma cidade erguida como aquelas do período d'Antiguidade
Mas que não ficou somente naquele tempo
E assim como as pirâmides do Egito foram as igrejas de
... todas as cidades históricas no Brasil
E parecia qu’eu sentia naquel’hora o odor sudoríparo dos negros escravos
Ou mesmo o cheiro de sangue o qual s'escorria de seus lombos
Pelos açoites que “de seus senhores” recebiam
A que viviam em total estado de servidão e sem nenhuma dignidade
Sim, não eram “servos”, já que não eram considerados gente
Mas, sim, uma “coisa”
Na verdade, uma “propriedade” de alguém
(A se concluir, portanto, que não eram... “livres”)
Uma "posse"...
Deste “alguém” que tinha sobre eles o direito de suas vidas
E, por que não, até de suas mortes?
Considerando que muitos foram assassinados... por seus senhores
Seja por maus tratos, seja por execução mesmo
E minha caminhada continuava
Percebo uma de suas igrejas
Giro o meu pescoço a observar outras
Aqueles templos construídos por eles, os negros escravos
Em que, certamente, depois de prontos não os teriam o direito
... de frequentá-los
Afinal, eles não eram merecedores da fé cristã (na visão de seus "donos")
Ao que nem eram batizados!
Já que eram considerados apenas “animais”
(Tais como os índios, que eram chamados de “selvagens” pela sociedade)
Uma visão somente do “Antigo Regime” ou será que ainda hoje muitos
... pensam desta forma?
E agora, a pergunta é:
Por que a igreja se calou com relação à questão dos negros?
Por que ela se emudeceu sobre os escravos?
Por que houve o seu silêncio diante de tais fatos?
Será que a igreja não estava conivente com as opressões exercidas
... pela Coroa Portuguesa?
Caríssimo leitor, você sabia que houve um tempo em que se acreditava
... que “o negro não tinha alma”?
Pesado, não?
Pois é! Uma “crença limitante” que fazia parte do “inconsciente coletivo”
... da época
E ao que podia se dizer... passada de geração em geração
E como demorou para constatar tal terrível engano!
Ao que precisou passar por vários estudos e debates
Até “bater o martelo” de que... “ELES TÊM ALMA COMO NÓS”
(frase de um documento jesuíta datado do século XVI):
Tanto os negros, quanto os nativos indígenas
Bom, esta foi a primeira justificativa pela qual a Igreja se calou a respeito
... dos negros e da escravidão
A crença de que eles não tinham alma, e que, portanto, não eram “gente”
Contudo, existem outras questões (vergonhosas, diga-se de passagem)
... a que a fizeram calar
Serei mais objetivo:
As construções nas cidades, e até mesmo das igrejas foram muito
... bem financiadas pelos nobres e senhores de engenho
E, analisando aqui, até no interior dos templos pode ser comprovado
... que havia uma discriminação, no que dividia a sociedade
A se ver em quase todas que diante do altar havia um “recinto elevado”
... sendo este reservado para os nobres
Enquanto o povo (os desvalorizados e invisíveis da sociedade) ficava
... atrás deles
Ou, em poucas palavras, a imagem do preconceito e da discriminação
Pois bem, com relação à crença de que os negros não tinham alma a igreja
... não pecou apenas por “omissão”, mas também por “ADEQUAÇÃO”
... à linha de pensamento vigente
Onde só os inteligentes é que sabiam que aquilo era uma grande mentira
E pior: os que assim acreditavam eram, obviamente, “conservadores”
A que viviam (tais como os conservadores atuais) em nome de um
... “cristianismo farisaico” e, portanto, hipócrita
Sim, foram tempos escuros da Igreja, que, infelizmente, às vezes se repete
Mas, apesar de tudo, houve movimentos para ingressá-los à fé católica
Porém, ainda mantendo-se em condição de escravidão
Onde eram “obrigados" a professar a religião vigente
A se saber que os que se recusavam eram rigorosamente punidos
Como a se dizer, a partir dos castigos recebidos, os demais se aderiam
... à fé (para não receberem as mesmas punições)
No que foi instituído... a “escravidão religiosa”
E, assim, repetindo: foram tempos escuros da Igreja
E enfatizo em dizer que negar tal fato chega a ser infantil
Ah! Que ninguém s'engane:
Mas o racismo é uma mancha que ainda se vê muito em todos os lugares
(Até nos espaços ditos “religiosos”)
Infelizmente
SEGUNDA PARTE
ESTARIA, QUEM SABE, NASCENDO UM “NOVO CATOLICISMO”?
Escrevo este texto no período quaresmal, e no “Ofício Divino” de hoje foi rezado em uma de suas leituras: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso entendimento” (Romanos 12:2).
Pois bem, há algumas décadas houve um movimento de cunho social na América Latina criado por alguns padres indignados com o quadro social, a que teve o nome de “TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO”. Tratava-se de uma linha de pensamento de uma Igreja voltada para os pobres e excluídos, e que pregava “justiça social”.
Porém, a Santa Sé infelizmente teve uma visão míope com relação a tal movimento, exercendo uma postura injusta [e bastante dura] com muitos padres e religiosos os quais defendiam os "desvalorizados e invisíveis” da sociedade.
Em poucas palavras, a Teologia da Libertação tinha como foco gritar em favor dos oprimidos e os mais pobres, e se recusava a pregar uma "teologia alienante" a lembrar “um mundo de faz de conta”, oh! de form’alguma. No que ela não separava o ser humano de seu contexto socioeconômico. E sendo, talvez, por causa disto interpretada como a ter nela uma postura comunista (quando, na verdade, não era), embora era, sim, uma “teologia política”.
Muitos padres e teólogos foram vítimas da Inquisição da Santa Sé. E aqui cito como exemplos:
Gustavo Gutiérrez
Leonardo Boff
Juan Luiz Segundo
Jon Sobrinho
E até Dom Helder Câmara passou maus momentos por causa de sua forma profética no que defendia os pobres e excluídos. Sim, os que eram deixados de fora da sociedade.
Nota: Na Argentina o nome era “Teologia do Povo”
E, interessante, que a devida Teologia também teve simpatizantes com nomes da Igreja Protestante e escritores, como Rubem Alves e José Miguel Bonino, dentre outros.
DANDO CONTINUIDADE:
Bom, seria talvez uma forma de virar a página quanto ao silêncio omisso da Igreja no Período Colonial (aqui no Brasil), em deixá-la trabalhar em favor dos oprimidos. Mas, devido à postura intolerante por parte da Santa Sé, e mais precisamente em função de certo cardeal de nome Joseph Ratzinger (que mais adiante se tornou papa [Bento XVI], e que renunciou dando uma desculpa esfarrapada alegando problemas de saúde [quando na verdade não]), o movimento latino foi, praticamente “assassinado” pelo Vaticano pela violência de seu conservadorismo cego e ignorante, que, como antes foi dito, via nele uma alma marxista.
Pois bem, recentemente o Papa Francisco tentou corrigir este crime realizado pela igreja, à qual puniu injustamente muitos padres, onde ele revogou certas medidas, reintegrando as funções sacerdotais para alguns.
Quem sabe, a partir da decisão do Sumo Pontífice, a Igreja deixe de pecar menos?!
Continuo a caminhar pelas ruas de Ouro Preto, e ao entrar no Museu da Inconfidência observo uma pintura retratando Tiradentes antes de ser enforcado, com um padre a mostrar-lhe a cruz de Nosso Senhor, e, ao seu lado, um negro escravo a fechar seus olhos para aquela cena. Que pena que o religioso não tentou impedir a sua injusta execução (ou mesmo se colocar em seu lugar para ser enforcado, a provar que "ninguém tem amor maior que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos")! Ou será que a Igreja daquela época não era amiga dos pobres e da Justiça?
ALGUMAS PERGUNTAS:
- Você é a favor ou contra a participação da Igreja com relação a assuntos “seculares”?
- Você acha que a Igreja deveria tratar somente de “assuntos espirituais”?
- Sua igreja te faz por seus “pés no chão” ou usa de uma linguagem “alienante”?
- Você consegue ver as propostas do Evangelho sendo aplicadas no dia-a-dia?
- Você diferencia fé e vida social?
- Sua igreja te faz criar um “senso crítico” no que diz respeito ao mundo e sua vida?
07/03/2023
Post Scriptum
Por tradição eu sou católico, e professo a minha fé na expressão de minha liberdade, mas em minha definição (ou identidade) espiritual sou agnóstico. O que eu escrevi aqui não foi com a intenção de difamar a Igreja, mas "tentar entrar numa máquina do tempo" e descrever como era o cenário da época e compará-lo com os atuais dias. Bom, vou ficando por aqui. Preciso me preparar para rezar o Ofício Divino (Oração das Horas).
IMAGENS: INTERNET
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SOMENTE O TEXTO:
POR QUE A IGREJA SE CALOU? (parte 1)
“Para aqueles com estômago elitista,
lugar de peão é na fábrica produzindo,
alimentando a bomba do capitalismo!”
Passeando pelas ruas e ladeiras de Ouro Preto, mais uma vez
A contemplar suas antigas construções barrocas
Suas casas, igrejas, monumentos...
E ali a escrever em suas imagens... toda uma viva história
Entre personagens distintos... feita de heróis e vilões
E também de lendários nomes... e anônimos
E caminho a observar não somente com os meus olhos
Mas, também, com minha viva imaginação
Uma cidade erguida como aquelas do período d'Antiguidade
Mas que não ficou somente naquele tempo
E assim como as pirâmides do Egito foram as igrejas de
... todas as cidades históricas no Brasil
E parecia qu’eu sentia naquel’hora o odor sudoríparo dos negros escravos
Ou mesmo o cheiro de sangue o qual s'escorria de seus lombos
Pelos açoites que “de seus senhores” recebiam
A que viviam em total estado de servidão e sem nenhuma dignidade
Sim, não eram “servos”, já que não eram considerados gente
Mas, sim, uma “coisa”
Na verdade, uma “propriedade” de alguém
(A se concluir, portanto, que não eram... “livres”)
Uma "posse"...
Deste “alguém” que tinha sobre eles o direito de suas vidas
E, por que não, até de suas mortes?
Considerando que muitos foram assassinados... por seus senhores
Seja por maus tratos, seja por execução mesmo
E minha caminhada continuava
Percebo uma de suas igrejas
Giro o meu pescoço a observar outras
Aqueles templos construídos por eles, os negros escravos
Em que, certamente, depois de prontos não os teriam o direito
... de frequentá-los
Afinal, eles não eram merecedores da fé cristã (na visão de seus "donos")
Ao que nem eram batizados!
Já que eram considerados apenas “animais”
(Tais como os índios, que eram chamados de “selvagens” pela sociedade)
Uma visão somente do “Antigo Regime” ou será que ainda hoje muitos
... pensam desta forma?
E agora, a pergunta é:
Por que a igreja se calou com relação à questão dos negros?
Por que ela se emudeceu sobre os escravos?
Por que houve o seu silêncio diante de tais fatos?
Será que a igreja não estava conivente com as opressões exercidas
... pela Coroa Portuguesa?
Caríssimo leitor, você sabia que houve um tempo em que se acreditava
... que “o negro não tinha alma”?
Pesado, não?
Pois é! Uma “crença limitante” que fazia parte do “inconsciente coletivo”
... da época
E ao que podia se dizer... passada de geração em geração
E como demorou para constatar tal terrível engano!
Ao que precisou passar por vários estudos e debates
Até “bater o martelo” de que... “ELES TÊM ALMA COMO NÓS”
(frase de um documento jesuíta datado do século XVI):
Tanto os negros, quanto os nativos indígenas
Bom, esta foi a primeira justificativa pela qual a Igreja se calou a respeito
... dos negros e da escravidão
A crença de que eles não tinham alma, e que, portanto, não eram “gente”
Contudo, existem outras questões (vergonhosas, diga-se de passagem)
... a que a fizeram calar
Serei mais objetivo:
As construções nas cidades, e até mesmo das igrejas foram muito
... bem financiadas pelos nobres e senhores de engenho
E, analisando aqui, até no interior dos templos pode ser comprovado
... que havia uma discriminação, no que dividia a sociedade
A se ver em quase todas que diante do altar havia um “recinto elevado”
... sendo este reservado para os nobres
Enquanto o povo (os desvalorizados e invisíveis da sociedade) ficava
... atrás deles
Ou, em poucas palavras, a imagem do preconceito e da discriminação
Pois bem, com relação à crença de que os negros não tinham alma a igreja
... não pecou apenas por “omissão”, mas também por “ADEQUAÇÃO”
... à linha de pensamento vigente
Onde só os inteligentes é que sabiam que aquilo era uma grande mentira
E pior: os que assim acreditavam eram, obviamente, “conservadores”
A que viviam (tais como os conservadores atuais) em nome de um
... “cristianismo farisaico” e, portanto, hipócrita
Sim, foram tempos escuros da Igreja, que, infelizmente, às vezes se repete
Mas, apesar de tudo, houve movimentos para ingressá-los à fé católica
Porém, ainda mantendo-se em condição de escravidão
Onde eram “obrigados" a professar a religião vigente
A se saber que os que se recusavam eram rigorosamente punidos
Como a se dizer, a partir dos castigos recebidos, os demais se aderiam
... à fé (para não receberem as mesmas punições)
No que foi instituído... a “escravidão religiosa”
E, assim, repetindo: foram tempos escuros da Igreja
E enfatizo em dizer que negar tal fato chega a ser infantil
Ah! Que ninguém s'engane:
Mas o racismo é uma mancha que ainda se vê muito em todos os lugares
(Até nos espaços ditos “religiosos”)
Infelizmente
SEGUNDA PARTE
ESTARIA, QUEM SABE, NASCENDO UM “NOVO CATOLICISMO”?
Escrevo este texto no período quaresmal, e no “Ofício Divino” de hoje foi rezado em uma de suas leituras: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso entendimento” (Romanos 12:2).
Pois bem, há algumas décadas houve um movimento de cunho social na América Latina criado por alguns padres indignados com o quadro social, a que teve o nome de “TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO”. Tratava-se de uma linha de pensamento de uma Igreja voltada para os pobres e excluídos, e que pregava “justiça social”.
Porém, a Santa Sé infelizmente teve uma visão míope com relação a tal movimento, exercendo uma postura injusta [e bastante dura] com muitos padres e religiosos os quais defendiam os "desvalorizados e invisíveis” da sociedade.
Em poucas palavras, a Teologia da Libertação tinha como foco gritar em favor dos oprimidos e os mais pobres, e se recusava a pregar uma "teologia alienante" a lembrar “um mundo de faz de conta”, oh! de form’alguma. No que ela não separava o ser humano de seu contexto socioeconômico. E sendo, talvez, por causa disto interpretada como a ter nela uma postura comunista (quando, na verdade, não era), embora era, sim, uma “teologia política”.
Muitos padres e teólogos foram vítimas da Inquisição da Santa Sé. E aqui cito como exemplos:
Gustavo Gutiérrez
Leonardo Boff
Juan Luiz Segundo
Jon Sobrinho
E até Dom Helder Câmara passou maus momentos por causa de sua forma profética no que defendia os pobres e excluídos. Sim, os que eram deixados de fora da sociedade.
Nota: Na Argentina o nome era “Teologia do Povo”
E, interessante, que a devida Teologia também teve simpatizantes com nomes da Igreja Protestante e escritores, como Rubem Alves e José Miguel Bonino, dentre outros.
DANDO CONTINUIDADE:
Bom, seria talvez uma forma de virar a página quanto ao silêncio omisso da Igreja no Período Colonial (aqui no Brasil), em deixá-la trabalhar em favor dos oprimidos. Mas, devido à postura intolerante por parte da Santa Sé, e mais precisamente em função de certo cardeal de nome Joseph Ratzinger (que mais adiante se tornou papa [Bento XVI], e que renunciou dando uma desculpa esfarrapada alegando problemas de saúde [quando na verdade não]), o movimento latino foi, praticamente “assassinado” pelo Vaticano pela violência de seu conservadorismo cego e ignorante, que, como antes foi dito, via nele uma alma marxista.
Pois bem, recentemente o Papa Francisco tentou corrigir este crime realizado pela igreja, à qual puniu injustamente muitos padres, onde ele revogou certas medidas, reintegrando as funções sacerdotais para alguns.
Quem sabe, a partir da decisão do Sumo Pontífice, a Igreja deixe de pecar menos?!
Continuo a caminhar pelas ruas de Ouro Preto, e ao entrar no Museu da Inconfidência observo uma pintura retratando Tiradentes antes de ser enforcado, com um padre a mostrar-lhe a cruz de Nosso Senhor, e, ao seu lado, um negro escravo a fechar seus olhos para aquela cena. Que pena que o religioso não tentou impedir a sua injusta execução (ou mesmo se colocar em seu lugar para ser enforcado, a provar que "ninguém tem amor maior que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos")! Ou será que a Igreja daquela época não era amiga dos pobres e da Justiça?
ALGUMAS PERGUNTAS:
- Você é a favor ou contra a participação da Igreja com relação a assuntos “seculares”?
- Você acha que a Igreja deveria tratar somente de “assuntos espirituais”?
- Sua igreja te faz por seus “pés no chão” ou usa de uma linguagem “alienante”?
- Você consegue ver as propostas do Evangelho sendo aplicadas no dia-a-dia?
- Você diferencia fé e vida social?
- Sua igreja te faz criar um “senso crítico” no que diz respeito ao mundo e sua vida?
07/03/2023
Post Scriptum
Por tradição eu sou católico, e professo a minha fé na expressão de minha liberdade, mas em minha definição (ou identidade) espiritual sou agnóstico. O que eu escrevi aqui não foi com a intenção de difamar a Igreja, mas "tentar entrar numa máquina do tempo" e descrever como era o cenário da época e compará-lo com os atuais dias. Bom, vou ficando por aqui. Preciso me preparar para rezar o Ofício Divino (Oração das Horas).