Sente n(a) grama: convite para ventilar as idéias
- Venha!
Disse o verde vistoso da grama aos meus olhos que admiravam a sua natureza volátil, a exalar o cheiro de mata molhada.
Sentei-me, tirei o livro da bolsa e comecei a ler o capítulo mais curto de Lolita de Nabokov. Me senti como uma colegial a desfrutar de um momento fugaz.
Terminei a leitura, fechei o livro e olhei admirada ao meu redor, descrente de que tinha aceitado o convite da gramínea.
Tirei meus sapatos e deixe a grama massagear meus pés descalços e naquele instante, em um momento ínfimo de plenitude, descobri os segredos da tranqüilidade.
- Venha!
Disse o vento suave, que se tivesse sabor, como seria doce!
Ah!!! Se eu pudesse me desviar de olhares que passavam aleatoriamente debaixo da árvore que me acolheu com sua sombra, colocaria-me nua, ali mesmo, desfrutando de um naturalismo pleno.
Ainda que vestida, senti meu corpo mesclar-se com a vegetação, por alguns minutos eternos.
- Vamos!
Disse a vida e meus amores, que ao invés da calmaria da paisagem, provocam-me tufões de paixões intensas.