Enfim, o fim como começo...

É interessante como no fim de ano as pessoas tornam-se mais eufóricas, embora haja muitas exceções. Não sei exatamente o motivo, nem ouço a preocupar por demais. Ocorre que tem algo que adoro fazer: observar.

Com isso, ao dar um giro pela cidade, mais exatamente em um grande shopping, pude constatar que por mais que se saiba que o consumo nessa época torna-se um prato cheio para os empresários dessa área, ainda assim, os consumidores não respeitam a lei da oferta e procura. Não que eu seja contra o ato de presentear, mas ocorre que outros atos tornam-se essenciais, além do presente. E isso, infelizmente, está ficando cada vez mais raro.

É incrível perceber que têm pessoas que querem substituir tudo por objetos. Carinho não se troca por nada. Amizade é infinitamente inegociável, enfim, não se pode mensurar o amor pela quantidade de presentes que se dá ou recebe. E quem não tem a oportunidadade, fincanceiramente falando, de saborear um prazer de dar um presente, será que não tem amor? Parece que isso que a mídia quer consagrar na mente da maior parte da população que insiste em não pensar. Apenas agir pelos ímpetos inquietos da grande e esmagadora rede de propogandas. Recordo-me de uma propoganda que dizia: "compre batom, compre batom, compre batom..." Engraçado que até gosto de chocolates, mas todas as vezes que me oferecem um desses batom, resisto não aceitar, imaginando que estarei compactuando com essa pressão propagandista. Isso é um grão de areia num deserto do capitalismo selvagem.

Enfim, o fim de ano pode ser também uma excelente oportunidade para rever nossos cruéis ímpetos de consumir, consumir... e, ao contrário, envolver-nos um pouco mais com um outro ato, amor. O amor que é a fecunda passagem natalina que se aproxima, o amor que não tem limites para transpor, o amor que nos faz iguais diante de tantas diferenças.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 11/12/2007
Código do texto: T773303