A loira - NO FÓRUM
Aconteceu em outro cartório, também da área cível.
Balcão cheio. A loira chega. Pede um processo.
O escrevente o entrega, mas não libera os autos:
- Pode deixar que eu vejo pra você.
Ela reluta:
- Não. Eu mesma olho.
A certa altura, observa, distraidamente, o lado esquerdo.
Todos os olhares estão dirigidos a ela.
Disfarçadamente, posiciona-se voltada para o lado direito.
Ergue o olhar. Olhos cobiçosos devoram-lhe.
Recua dois passos e concentra-se no processo.
Cabe ressaltar que não era uma loirinha, mas A Loira.
Não estava vestida com poucas peças, uma vez que fazia frio naquele dia.
O escrevente, em sua mesa, não trabalhava, à espera de uma oportunidade de ajudar. A oportunidade não veio. Antes disso, a loira sai, e ao sair, todos os olhares a acompanham: os dos estagiários e dos advogados, no balcão, o do escrevente, em sua mesa.
Nunca mais voltou àquele cartório.
Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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