O Sexto Odú

Histórias são estórias para o destino. O destino, na sua liberdade maldosa, escreve sobre todas as pessoas. E cada história traz algo diferente.

OKÀNRÁN-MEJI é o primeiro príncipe do destino. Mudanças é o seu lema e suas histórias estão cheias de novos inícios. Geralmente o herói das suas histórias é um mal caráter. Mas foi ele que inventou a fala humana. É ruim ou bom dependendo de como se usa as palavras. E palavras são magias poderosas.

EJIOKO-MEJI surge em seguida com sua verdade e sinceridade. Seus heróis são honestos e verdadeiros. Isso é bom? A verdade e sinceridade podem se tornar em mentira e falsidade dependendo da forma usada.

ETAOGUNDÁ-MEJI é o terceiro. Ele é a perseverança. Seus heróis jamais vão desistir. É a jornada do herói na sua mais pura essência. Bom, não é? Talvez. As vezes desistir é melhor para o futuro.

IOROSSUN-MEJI, o nosso quarto príncipe. A tranquilidade. Paz. Não há o que dizer não é? Mas onde se encontra a tranquilidade? Não sei. Cada um terá que ter a resposta própria.

OXÊ-MEJI é o quinto. Fama e sucesso é sua área? Quer fazer parte da história dele? Todos queremos. Não é pecado ser famoso. Mas famoso pelo quê? Será que não existe sucesso nas pequenas coisas?

OBARÁ-MEJI vem na sexta posição, mas sempre está em último. Por isso deixamos ele nessa posição, pois é ele que almejamos,mas não é agradável de se encontrar.

ODI MEJI é o nosso sétimo príncipe. Rancor e inveja é a sua história. Seus heróis são geralmente os vilões... Ou não. Não dá para separar o rancor e a inveja da maioria das conquistas humanas. Sem esses sentimentos, o que seria a humanidade hoje em dia?

EJONILÊ-MEJI, a impaciência e a agitação. Não tem paciência? Normal. É a vida. Às vezes precisamos de algo para ontem. Fazer o quê? É certo que o que era para ontem, só recebemos geralmente para depois de amanhã. Mas tudo tem seu tempo e tudo tem um motivo. Até a impaciência

OSSÁ MEJI, o nove nessa lista. desconcentração. Porém liderança. É certo que o foco deve ser o ponto de um líder, porém focar sempre em algo, as vezes pode não ser bom

OFUN-MEJI é o décimo. E temos doenças. Ninguém gosta de ficar doente. Mas por não gostar é que esse príncipe é importante. Ele nos mostra que não somos feitos de ferro. E ninguém é.

OWARYN-MEJI o décimo primeiro príncipe. Ansiedade... Normalmente tratada como doença, porém é a fonte de todas as grandes criações da humanidade. Não dá pra ser criativo sem um pouco de ansiedade

EJILOSEBORÁ, o décimo segundo príncipe. Justiça. O que é justiça? Segue a ética. Nem sempre a justiça irá nos beneficiar. Nessas horas se vê que a justiça pode também punir.

EJIOLIGIBAN MEJI, em décimo terceiro. concentração. Pessoas que gostam de ser comandadas. Não nasceram para serem líderes. Mas não só de rainha vive o formigueiro.

IKÁ MEJI no décimo quarto. Conhecimento e sabedoria. Sem conhecimento a sabedoria não é nada e sem sabedoria, o conhecimento é só um monte de nada

OGBEOGUNDÁ é o décimo quinto príncipe. É duvidoso. Nunca sabe o que quer e necessita da ajuda dos outros 15. Mas sem ele, como todos os demais vão contar suas histórias?

ALÁFIA-ONAN encerra tudo e trás paz. Todo mundo viveu feliz para sempre. Pelo menos é o que se espera, mas não é o que acontece.

Voltamos ao sexto príncipe. O Obará-Meji, ou simplesmente Obará. Ele é o da fortuna. Com ele você terá dinheiro para o resto da vida. Como é bom ter um pé de meia! Mas... Nem todo ouro é verdadeiro. Nem toda a riqueza traz felicidade. Para ser rico não é só necessário tesouros, às vezes o sucesso financeiro está em ter tudo para não morrer de fome. Obará lembra que infelicidade e coisas ruins acontecem sempre e sempre vão acontecer. Não significa que você não terá necessidade com esse príncipe. Vai ter muitos problemas, entre financeiro e na vida social. Às vezes você irá chorar e pensar em desistir. Porém não é o fim. No fim, a conclusão sempre é a mesma... Vitória.

Infelizmente alguns vieram para sofrer!

Não desista e nem pare de lutar

"Dizem que no princípio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do Oluô, a fim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo Oluô.

Obará um dos dezesseis odus existentes, não se encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o Oluô. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o Oluô determinou e que os demais odús não fizeram por simples capricho da sorte.

Obará com afinco fez o máximo que pôde para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza). Como era de costume, os 15 odús de cinco em cinco dias iam à casa de olofim, e nunca convidavam Obará , por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Foram à casa de Olofim jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que Olofim adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofim, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados, levaram consigo as abóboras ofertadas.

No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de Obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a Obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada.

Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar Obará-meji com estas palavras: - Obará, bom dia! Como vais à saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viagem?

Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de Olofim.

A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade.

Depois, Obará convidou todos para que se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente. Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram: - fica com estas abóboras para ti, e foram embora satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.

Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele queria mostrar ter o que não tinha, agradando a eles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.

Porém as palavras de Obará eram simples e decisivas:

— Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares, estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.

Finda explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que havia dentro dela. Surpreso, e com muita felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico, porém logo percebeu que havia mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas havia outras riquezas em igual quantidade.

Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.

Daí que estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferencia no palácio de Olofim, como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto à ele quando Obará veio vindo de sua casa com uma multidão que o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, Obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza.

Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de olofim que indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era Obará. Então perguntou Olofim aos demais Odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de Obará. Disse então olofim que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero Obará. O mais rico de todos os odus."

Essa é a história do duo de número 6.

Maicon dos Santos
Enviado por Maicon dos Santos em 03/03/2023
Código do texto: T7732069
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